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Uma alternativa para a proteção veicular

30.09.2016 - Fonte: Revista Apólice

O combate às associações e cooperativas que comercializam a proteção veicular é realizado em várias frentes. A Superintendência de Seguros Privados tenta autuar estas empresas, entretanto, encontra uma série de brechas legais. Os sindicatos de corretores de seguros de diversos estados estão em constante vigilância para identificar e desencadear medidas de proteção ao consumidor. Por sua vez, o consumidor procura apenas uma coisa, neste momento de crise econômica: preço. Como a maioria das seguradoras usa o questionário de avaliação de riscos para formular seus preços, os clientes com “pior” perfil estariam condenados à contas mais altas. Além disso, carros com mais de cinco anos de uso não compensam para as seguradoras, pois o seu custo de reparação é o mesmo de um carro novo, entretanto, o prêmio do seguro, neste caso, inviabiliza os negócios. Apesar do mercado agora contar com mais produtos, o vice-presidente técnico do Sindicato do Corretores de Seguros de Goiás, Hailton Costa Neves, ressalta que os produtos são criados pelas seguradoras. “Infelizmente, nós apenas podemos comercializar aquilo que o mercado disponibiliza”, lamenta. Para o corretor, o mercado de proteção veicular foi fomentado pelas próprias seguradoras, que não se dispuseram a criar produtos com coberturas mais restritas, investindo em novas iniciativas com criatividade. Isso levou os consumidores a buscarem alternativas, tanto de preço quanto de prazo. “Por exemplo, há segurados que querem fazer um seguro apenas por um período específico, para uma viagem. Ele não consegue”, conta. Fazendo uso do famoso ‘jeitinho brasileiro’, alguns corretores optam por fazer um seguro parcelado em 10 vezes e cancelar assim que terminar o período desejado. Neves cita um exemplo dos Estados Unidos, onde é possível fazer o seguro de sua carteira de habilitação e dirigir qualquer automóvel, ou ainda, usar o sistema pay as you drive. “É muito ufanista dizer que temos que sentar para pensar novos produtos”, aponta. Ele argumenta também que regulamentar as empresas de proteção veicular também não é o caminho. O mercado precisa de produtos inovadores, capazes de atrair um novo público. “Por outro lado, os corretores de seguros da região ainda não estão preparados para atuar como empresários, tirando o seu foco apenas no ganho financei ro e di recionando-o para o cliente, que necessita de cuidados e proteção”, afirma Neves, que também atua como professor da Escola Nacional de Seguros. O seguro popular também poderia ser uma alternativa, definitivamente. Na essência, o carro pode ser recuperado com peças de outros veículos ou genuínas, mas sem o selo da montadora. Isso pode representar uma economia de 20 a 30% dos valores praticados pelo mercado. Produtos para ganhar mercado Parece que o mercado segurador finalmente despertou para a necessidade dos clientes de ter opções de produtos que caibam em seu bolso num momento de crise. Dados macroeconômicos mostram queda na produção de veículos novos caiu cerca de 28% apenas no primeiro trimestre de 2016. Veículos novos são os mais protegidos pelos seus proprietários, portanto, esta queda, levou o mercado a identificar novas oportunidades de negócios. Para atender ao público que necessita de proteção, mas que não pode pagar um valor mais substancial pelo seguro, alguns produtos foram lançados. Marcelo Sebastião, diretor da Itau Seguro Auto, ressalta que a vocação de uma seguradora é buscar atender as necessidades dos consumidores através dos corretores. “A nossa maior preocupação é proporcionar ao consumidor segurança e tranquilidade, que ele não encontra nos produtos de proteção veicular. Estamos falando de um produto regulamentado, controlado pela Susep, com auditorias e reservas técnicas”, enfatiza. Os novos produtos surgiram da necessidade do cenário econômico, pois há a demanda para fazer cabê-los no bolso do consumidor. O Itaú Auto Roubo garante, como o nome diz, a indenização por perda total decorrente de roubo e furto do veículo, cujas perdas fiquem acima de 75% do Limite Máximo de Indenização.A cobertura é de até 90% da tabela FIPE, com opção de contratação de duas coberturas a terceiros. Apesar de ser um produto mais simples, este ainda conta com assistência 24h (limitada a três acionamentos por vigência), até 300 km de distância. É um produto que pode ser pago em até 10 vezes, e que pode custar até 50% menos que o produto tradicional, considerando as mesmas matrizes. Sebastião conta que este produto foi lançado em 2013, pensando na entrada de novos consumidores no mercado. Asim, o seu crescimento foi de cerca de 10% ao ano. “De meados de 2015 pra cá, o produto começou a crescer de 30% a 50%, com taxa de 80% de clientes novos”, esclarece Sebastião. Mais básico Outro produto com estas mesmas características acaba de ser lançado pela Azul Seguros. Para Felipe Milagres, diretor da Azul Seguros, o lançamento é uma aposta promissora. “Sentimos a necessidade de oferecer um seguro voltado para este público, com coberturas indispensáveis de proteção, custo ainda mais acessível e mantendo a qualidade de atendimento. Com o Azul Auto Leve, o segurado passa a ter a possibilidade de se proteger, sem pesar no orçamento”, ressalta. Dependendo da região e das coberturas contratadas, o valor do seguro Azul Auto voltado para veículos com data de fabricação a partir de três anos e importância segurada de até R$ 60 mil, o produto possui cobertura básica para colisão, incêndio, roubo e furto. O seguro disponibiliza também assistência 24 horas ao veículo com guincho até 200 km, limitada a três utilizações, e indenização que varia entre 80% a 100% da tabela Fipe, de acordo com a apólice contratada. A Liberty também optou pelo lançamento de um produto sem coberturas acessórias, focado no público que está perdendo renda ou que possui veículos com mais anos de uso. Paulo Umeki, vice-presidente Técnico e de Produtos da seguradora, conta que muitos clientes buscam alternativas mais baratas na hora de renovar o seguro. “Este produto pode atingir cerca de 5% da carteira que hoje enfrenta uma condição econômica mais crítica. São pessoas que perderam sua fonte de renda mas que ainda querem manter o seu bem protegido”, afirma Umeki. O desconto médio em relação aos produtos tradicionais pode chegar a 40%.

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