“Trazer mais educação financeira e securitária para a sociedade é um grande desafio”, diz Ronaldo Dalcin
12.03.2024 - Fonte: Seguro Nova Digital
Em entrevista exclusiva para a 40ª a edição da SND, que foi ao ar em fevereiro, presidente do SindsegNNE, Ronaldo Dalcin, falou sobre a baixa penetração do mercado nas regiões Norte e Nordeste do país
A baixa procura pelos produtos de seguros no Brasil é um dos principais problemas que o mercado vem tentando resolver nos últimos anos. A última notória investida foi o lançamento do Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros (PDMS), iniciativa liderada pela CNseg que contou com o apoio e participação da maioria das entidades do setor no país. Quem acompanha de perto o plano é o presidente do SindsegNNE, Ronaldo Dalcin.
Sua preocupação é de aumentar a penetração dos produtos na sociedade, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste do país. Dalcin avalia que o pouco que é consumido está concentrado no Sul e no Sudeste, situação agravada não só pela renda dos trabalhadores ou baixa cultura do seguro, mas também pela falta de informação nessas regiões.
“Esse trabalho de trazer mais educação financeira e securitária para a sociedade é um grande desafio, principalmente nas regiões Norte e Nordeste em que a logística, nível de escolaridade e a chegada de informação ainda são tão desafiadoras em muitas áreas”, avalia o especialista.
Seguro Nova Digital – Os produtos de seguros são mal distribuídos em todo o Brasil, mas nas regiões Norte e Nordeste isso se agrava. No seu ponto de vista, quais são as razões que nos fazem chegar a este cenário?
Ronaldo Dalcin – O Brasil como um todo ainda consome bem menos seguros do que outros países do mundo como Estados Unidos e China, por exemplo. E a maior concentração desse consumo está localizada nos estados das regiões Sudeste e Sul.
SND – Qual é o cenário nas regiões Norte e Nordeste?
RD – Nas regiões Norte e Nordeste, observamos um índice de penetração de produtos muito mais baixo do que nas demais regiões do Brasil. Um exemplo dessa diferença pode ser conferido no último estudo divulgado pela FenSeg que demonstra que 17% dos domicílios brasileiros têm seguro residencial. Nas regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste, o índice de penetração se mantém com dois dígitos, enquanto nas regiões Norte e Nordeste, o percentual de domicílios que contam com uma proteção securitária é de apenas 4,6% e 7%, respectivamente.
SND – Quais são as razões dessa diferença de consumo?
RD – Essas discrepâncias têm a ver com questões culturais e econômicas. Culturais no sentido de que ainda temos muito o que evoluir no esclarecimento da importância do seguro para toda a população brasileira. As pessoas ainda enxergam o seguro como mais uma despesa e não como um meio de proteger um investimento, como uma casa, empresa ou veículo.
SND – E qual é a fórmula para criar essa conscientização nas pessoas?
RD – Esse trabalho de trazer mais educação financeira e securitária para a sociedade é um grande desafio, principalmente nas regiões Norte e Nordeste em que a logística, nível de escolaridade e a chegada de informação ainda são tão desafiadoras em muitas áreas. Economicamente falando, não é à toa que a distribuição de seguros se mostra mais baixa em regiões com renda per capita e IDH’s (Indice de Desenvolvimento Humano) também mais baixos.
SND – Quais as medidas você acredita que podem ser importantes para aumentar o consumo de seguros nessas regiões?
RD – Alinhados com o Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros (PDMS), consideramos que os principais fatores para o aumento do consumo de seguros em todo o Brasil e também nas regiões Norte e Nordeste são:
Melhorar a imagem do seguro, desmistificando impressões negativas que tenham sido criadas ao longo dos anos e simplificando a linguagem do “segurês”, tornando a comunicação mais regional, clara e simples;
Divulgar os produtos de seguro disponíveis no mercado e desenvolver novos produtos que atendam às necessidades atuais do consumidor final, mais compatíveis com o poder de compra local;
Aperfeiçoar os canais de distribuição estimulando mais capacitação para os corretores, além do desenvolvimento de ferramentas e estratégias para a venda online que iriam auxiliar bastante em regiões de mais difícil acesso físico como observamos nos estados do Norte do país;
Simplificar e personalizar produtos e serviços, obtendo um jornada para cliente mais ágil e amigável.
SND – Como você avalia a importância do corretor nesse processo?
RD – Ele é indispensável em todo o processo, pois detém o maior ativo do nosso segmento que é o cliente. Através do Corretor é que se identificam as necessidades dos consumidores e se desenham soluções securitárias para as mais variadas situações e riscos que por vezes, inclusive, o próprio cliente desconhece.