Tokio Marine vira segunda do ranking entre seguradoras independentes
07.07.2023 - Fonte: Valor Econômico | Foto: Silvia Costanti
Avanço do faturamento de 19,7% nos primeiros quatro meses do ano supera o ritmo do setor, de 14,6%
A história da Tokio Marine nos últimos dez anos mostra um crescimento com fôlego de startup. A seguradora teve expansão de mais de seis vezes entre 2012 e 2022. Com um faturamento de R$ 10,6 bilhões no ano passado, a companhia se tornou o segundo maior grupo independente do país, ou seja, não ligado a grandes bancos, em receitas, no ranking do setor organizado pelo Sindicato de Empresários e Profissionais Autônomos de Corretagem e Distribuição de Seguros de São Paulo (Sincor-SP), que não considera saúde complementar e previdência privada.
Entre os meses de janeiro e abril deste ano, a Tokio Marine manteve um ritmo expressivo, com avanço de 19,7% em relação ao mesmo período de 2022. As receitas em prêmios emitidos totalizaram R$ 3,9 bilhões. Se a cifra fosse anualizada, significaria um faturamento de R$ 11,7 bilhões, resultado que consolidaria a arrecadação do grupo na casa dos 11 dígitos. De qualquer modo, em 12 meses até abril deste ano, a companhia apresenta um crescimento de 33,1%, com um faturamento de R$ 11,5 bilhões.
A expansão do resultado neste ano supera a do próprio mercado de seguros - sem considerar previdência, capitalização e saúde. O setor registrou um crescimento de 14,6% nos quatro primeiros meses de 2023, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep).
Para 2023, o CEO da Tokio Marine Brasil, José Adalberto Ferrara, prevê uma expansão de, pelo menos, 12%. “Estamos completando neste mês 64 anos de Brasil, mas a última década foi um período muito diferenciado para nós”, diz.
O chefe da operação brasileira do grupo segurador japonês enxerga também potencial de o mercado seguir em um ritmo de expansão mais forte que o do PIB. “Acredito que a indústria securitária tem tudo para continuar crescendo dois dígitos no ano.”
Os números, segundo o executivo, mostram que, na última década, “foi como se tivéssemos criado mais duas Tokios, além da operação que tínhamos”. Para efeito de comparação, se for considerado o faturamento de 2012, de R$ 1,6 bilhão, corrigido pelo IPCA no período, o resultado de pouco mais de R$ 3 bilhões colocaria a companhia na 17ª colocação no ranking. “Os números atuais são um marco”, ressalta. “Crescemos 40,7% no ano passado e atingimos um resultado que prevíamos para 2024.”
O avanço da filial brasileira consolidou a operação como a terceira maior do grupo global em todo o mundo, entre 46 subsidiárias. “Hoje somos a segunda maior operação entre as filiais, atrás apenas dos Estados Unidos”, diz Ferrara. No resultado geral, conta, só estão acima a operação americana e a matriz no Japão, que corresponde sozinha a 49% das receitas do grupo.
Assim como a maior parte dos grupos globais no mercado brasileiro, que não se associaram a bancos, a Tokio Marine comercializa apenas seguros pessoais, empresariais e de ramos elementares. Fica fora de segmentos como saúde suplementar, previdência privada e capitalização, que, apesar de fazer parte do setor de seguros, são áreas com exigências operacionais e de conhecimento de mercado local muito específicas.
Ferrara ressalta que um ponto importante para o suporte do crescimento recente do grupo tem sido o investimento em tecnologia. “Vamos investir cerca de R$ 140 milhões em tecnologia em 2023 e esse é o ritmo que planejamos manter [nos próximos anos]”, afirma o executivo.
A seguradora implementa há alguns anos um processo de migração de sistemas para a nuvem (“cloud computing”), um formato no qual a necessidade de poder computacional, espaço e segurança digital são contratados conforme a necessidade. Segundo Ferrara, algumas operações do grupo já estão 100% na nuvem. “Assistências auto e residencial, por exemplo, já estão totalmente no cloud.”
Além da nuvem, a seguradora tem investido na transformação digital e automação de processos. Um dos pontos tem sido assegurar o atendimento em plataformas como site, aplicativo móvel, WhatsApp, Facebook Messenger e chat on-line com apoio de inteligência artificial.