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S.O.S Chuvas RS: Miriã Moreira relembra desafios diante das adversidades causadas pelas enchentes

25.08.2024 - Fonte: Seguro Gaúcho l André Bresolin

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A catástrofe climática do mês de maio de 2024 impactou milhares de pessoas na cidade de Canoas (RS). As lembranças trágicas daqueles que precisaram fugir das enchentes podem até ser parecidas, mas cada relato tem suas características próprias. No caso da advogada Miriã Moreira, o destino mudou drasticamente seu roteiro. No dia 04 de maio ela viajaria com o marido e a filha para o Rio de Janeiro. A família já tinha passagens áreas compradas, pretendia comemorar o aniversário de um ano da criança e se divertir na cidade maravilhosa. Entretanto, no dia 03 de maio eles foram duramente atingidos pela força das águas e tiveram que abandonar a própria casa, localizada na Rua dos Canários, no bairro Cinco Colônias, em Canoas.

Com a chegada da enchente em alguns locais da região, a medida tomada foi separar algumas roupas, pegar documentos e fotos, além de monitorar o nível de água, que a princípio não parecia assustar. Mas a inundação foi crescendo, ganhando força e acabou impossibilitando a advogada de sair de casa conduzindo o veículo: “a água não parava de subir. Peguei minha filha no colo abandonei a casa. Saí caminhando, enquanto meu marido retornou para pegar documentos, fotos e algumas roupas que ficaram em nosso carro”.

Miriã rumou para a residência de uma amiga no bairro Pitangueiras, localidade que até aquele momento não tinha sido atingida pela enxurrada: “cheguei lá, carregando minha filha e junto comigo estavam um sobrinho que é autista e uma sobrinha, já que a mãe deles não quis abandonar o bairro onde mora. Meu marido também foi para o mesmo local que eu”.

Aconselhada a sair do bairro Pitangueiras por amigas que monitoravam pela internet o nível das águas que não parava de subir, novamente Miriã teve que buscar um local mais seguro e foi para o bairro Igara, na casa de outra amiga, com mais 15 pessoas. Só que dessa vez o marido não seguiu o destino dela: “ele preferiu ficar para socorrer a mãe e a irmã. Graças ao jet-ski de um amigo foi possível resgatá-las. Só consegui reencontrá-lo no dia seguinte, lá pelas 16 horas. Foi um instante de grande emoção”. Enquanto pensava em sobreviver e lutar por sua filha, o medo e a incerteza fizeram parte de seus pensamentos em relação ao destino de seu esposo. “Fiquei muito angustiada com a situação em que ele estava e tive receio de não o encontrar novamente”, relembra.

Passado esse momento inicial de pânico e angústia, Miriã e sua família foram morar na residência de uma tia dela em Santo Antônio da Patrulha, onde permaneceram por 30 dias. E durante boa parte desse período o casal sentiu os reflexos psicológicos da situação que viviam, mesmo tendo recebido acolhimento e ótimo tratamento no lar de seus parentes: “fiquei meio perdida, sem saber para onde ir e como recomeçar. Chorei muito e entrei em depressão. Ao pensar em minha filha tive força para tentar me reerguer. Meu esposo também demonstrou certo abalo emocional”.

Diante de tudo que vivenciou, Miriã teve sentimentos confusos. Ela e o marido trabalharam muito para ter a independência financeira, construir um patrimônio. “Conseguimos obter um bom nível socioeconômico e de uma hora para outra, ficamos alijados de tudo isso. Minha filha recebeu como doação roupas de meninos, que estavam até rasgadas pois ela não tinha o vestir. Todas as vestimentas que estavam em nossa casa foram perdidas”, lamenta.

Após 30 dias de alojamento em Santo Antônio da Patrulha, eles decidiram alugar um apartamento na cidade de Gravataí e permanecem nesse local até hoje. Durante 26 dias a residência do casal em Canoas ficou submersa nas águas. As perdas foram grandes, as enchentes chegaram a abalar a estrutura da moradia. O carro e a moto também foram afetados. “Tivemos um prejuízo que atingiu R$ 200 mil, mas a maior dor que tive foi emocional, quando vi o quarto de minha filha completamente devastado. Construímos ele com tanto amor e carinho, pensando em cada detalhe e tudo foi perdido”, lamenta Miriã com profunda tristeza. De acordo com a advogada, o retorno ao lar está previsto para o mês de setembro.

Mesmo diante de experiências doloridas, ela possui uma visão otimista para o futuro e tem muita gratidão com todos que de alguma forma ajudaram ela: “Com tudo que passei nessa catástrofe climática, aprendi que precisamos colocar Deus em primeiro lugar e nossa família precisa ser a segunda prioridade. Com isso teremos uma base sólida para enfrentar os desafios”.

Na opinião da advogada, a generosidade com as pessoas é uma lição de grande significado para sua vida, pois para ela Deus foi muito generoso. “Quando precisei de ajuda, Deus usou amigos e até pessoas desconhecidas para nos abençoar. Sou grata ao S.O.S chuvas RS pelas doações que recebemos, sem dúvida elas estão fazendo a diferença em nossas vidas”, finaliza Miriã.

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