Plantio de árvores beneficia saúde em cidades
01.11.2016 - Fonte: CNseg
Anualmente, mais de 3 milhões de pessoas morrem em decorrência dos efeitos do material particulado fino Um novo estudo, conduzido pela The Nature Conservancy (TNC), maior organização de conservação ambiental do mundo, revela que um investimento de apenas US$ 4 por habitante para plantio de árvores em algumas das maiores cidades do mundo beneficiaria a saúde de dezenas de milhões de pessoas, pela redução da poluição do ar e aquecimento das vias urbanas. Publicado nesta terça-feira, 31, na conferência anual da Associação Americana de Saúde Pública, o estudo Plantando Ar Puro (Planting Healthy Air) baseou-se em pesquisas locais bem fundamentadas sobre a limpeza e resfriamento do ar promovidos pelas árvores e aplicou esses dados em escala global, apontando os lugares nos quais um investimento em árvores pode trazer maior impacto à vida das pessoas. A TNC desenvolveu o estudo em parceria com o Grupo C40 de Grandes Cidades na Liderança Climática, visando fornecer os líderes urbanos com os dados necessários para demonstrar que os investimentos em plantio de árvores podem melhorar a saúde pública em suas cidades. “As árvores podem afetar significativamente as temperaturas e os níveis de poluição locais”, declarou Rob McDonald, cientista responsável pelas cidades do mundo na TNC e principal autor do estudo. “Árvores em zonas urbanas salvam vidas e são tão economicamente eficientes quanto as soluções mais tradicionais, como instalar depuradores de chaminés ou pintar os telhados de branco.” As cidades têm desafios consideráveis a enfrentar, mas as árvores podem ser uma parte importante da solução: • Anualmente, mais de 3 milhões de pessoas morrem em decorrência dos efeitos do material particulado fino –– uma forma de poluição tão diminuta que pode entrar no fluxo sanguíneo e nos pulmões, acarretando doenças respiratórias, cardíacas e derrame. Nas cidades, uma grande parcela dessa poluição resulta da queima de combustíveis fósseis, inclusive pelos motores de automóveis. Árvores podem remover até um quarto do material particulado no raio de algumas centenas de metros e, plantadas no lugar correto, constituem uma barreira muito eficaz que filtra o ar sujo e protege a população local. • O aquecimento urbano já é o desastre climático mais letal que enfrentamos, e os impactos devem aumentar conforme o clima continua mudando. No verão de 2003, na França, uma onda de calor matou cerca de 11.000 pessoas em uma semana; um número tão exorbitante que o necrotério de Paris não comportou a demanda e os corpos precisaram ser guardados em um hortifrúti. Os mais vulneráveis às ondas mortais de calor são os idosos sem acesso a ar condicionado. Uma árvore pode diminuir a temperatura à sua volta em até 2º C, oferecendo uma proteção contra os impactos das mudanças climáticas. O estudo “Plantando Ar Puro” da TNC revelou que um investimento global de US$ 100 milhões ao ano em plantio de árvores pode oferecer cidades mais frescas a 77 milhões de pessoas, além de decréscimos mensuráveis da poluição por material particulado a 68 milhões de habitantes. Os centros urbanos com alta densidade demográfica, níveis elevados de poluição e calor e baixo custo no plantio de árvores apresentaram as maiores taxas de retorno sobre o investimento. Países como a Índia, Paquistão e Bangladesh seriam os mais beneficiados. Os dados também mostram os bairros de cada cidade em que se percebe o maior benefício à população a partir desse plantio. As árvores são a única solução com a dupla função de limpar e resfriar o ar, ao mesmo tempo em que oferecem outras vantagens: espaços urbanos verdes para os residentes, habitat para a fauna selvagem e sequestro de carbono. O plantio de árvores é uma saída que pode ser adotada por prefeitos e outros líderes locais em todo o mundo, melhorando a vida dos cidadãos dentro de suas comunidades e contribuindo para o esforço global de redução da poluição do ar e desaceleração das mudanças climáticas. “As árvores não vão resolver sozinhas todos os problemas de poluição e calor dos centros urbanos do mundo, mas são uma parte importante da solução”, afirmou McDonald.