>

Os mitos enraizados no mercado de seguros

21.03.2022 - Fonte: Revista Apólice

9wurow

Se a população brasileira compreender a importância do seguro, tanto como planejamento financeiro quanto para a economia, poderemos ser referência global na indústria

Quando o assunto é contratação de seguro, seja qual for a modalidade, é comum as pessoas se esquivarem, fazerem mil e um questionamentos e dizer “depois eu vejo esse assunto”. Isso acontece por conta dos mitos que se criaram entorno desse mercado. Embora não de forma tão explícita, boa parte da população, principalmente por questões culturais, ainda tem uma certa resistência em buscar a contratação de seguros, seja por acreditarem que nunca precisarão acionar a seguradora ou por terem uma visão distorcida sobre as indenizações. Inclusive, esta última ainda é um tabu para muitas famílias.

Para analisar melhor o cenário, vejamos: em seu ciclo social, quantas pessoas já comentaram que têm ou que planejam aderir a um seguro de vida, por exemplo? Talvez uma ou duas, no máximo. E, quando se tem, muita das vezes é vinculado aos benefícios da empresa em que se trabalha. Aqui já identificamos um dos reflexos provocados pelo imaginário em torno da indústria. Afinal, é comum reproduzirem: “por que devo contratar um serviço que ficará para outra pessoa?”. Este é o primeiro de três mitos do setor que listarei ao longo deste artigo.

No entanto, antes de passarmos para o próximo tópico, vale ressaltar que as pessoas esquecem da premissa básica do setor de seguros, que é o reequilíbrio econômico. Isso porque o produto não deve ser encarado de forma problemática, mas sim como um auxílio para uma eventual ausência do provedor financeiro do grupo. Ou seja, podemos tê-lo como um planejamento financeiro.

Já a segunda visão deturpada do produto está ligada aos automóveis. Costumamos dizer, novamente por questões culturais, que seguro de carro não é vendido e sim comprado. Isso porque o brasileiro valoriza bastante proteção desse bem material, como se a adesão ao item de segurança fosse obrigatória. Contudo, esbarramos na ilusão que uma apólice mais enxuta irá atender as expectativas do contratante, visto que, na concepção do indivíduo, é um serviço pouco ou quase nunca utilizado. É nesse ponto que o mito pode se tornar uma frustração. É necessário alertar que quanto menor o custo da cobertura, menor será a indenização.

Já o terceiro e último mito está relacionado às negativas por parte das seguradoras a respeito das indenizações; logo, muitos acreditam que o setor é repleto de “pegadinhas”. No entanto, essas desventuras são provocadas por uma venda mal feita ou por falta de entendimento na contratação do produto. Por isso, é fundamental pesquisar bastante antes de fechar um contrato e negociar com empresas experientes e confiáveis para evitar esse tipo de problema.

Quebrar esses estigmas não é uma tarefa fácil, mas também não é impossível. Para essa desmitificação é preciso que o mercado realize novas mudanças, começando por uma reeducação. Primeiro, retirar o preconceito sobre o tema. Seguros, inclusive de vida, devem ser discutidos de forma natural. Outro ponto é na parte técnica/burocrática: as nomenclaturas das apólices podem ser bem complicadas e confundem clientes e, eventualmente, os profissionais do meio. É necessária uma adaptação com linguagem mais simples e clara.

Por fim, destaco que, embora marginalizado por muitos, o mercado de seguros vem se transformando. As redes sociais e as insurtechs têm apresentado um papel fundamental nesse movimento, proporcionando inovação ao setor. Além disso, se a população brasileira compreender a importância do seguro, tanto como planejamento financeiro como para a economia, podemos, talvez, um dia ser referência global na indústria, assim como no Japão e nos Estados Unidos.

 

Por Christian Wellisch, CEO e sócio-fundador da corretora Globus Seguros

Notícias Relacionadas