O problema é o jeitinho
09.04.2018 - Fonte: Guacir Bueno, presidente do Sindicato das Seguradoras do RS (SINDSEGRS)
Todo brasileiro está cansado de se sentir passado para trás. É um imposto que sobe aqui, sem contrapartida em área alguma, um político que desviou milhões ali e uma burocracia retrógada acolá. Porém, muitas vezes esbravejamos contra os políticos e corruptos, mas não prestamos atenção aos nossos próprios hábitos. Que atire a primeira pedra aquele que nunca viu uma longa fila de carros, resolveu passar pelo lado e depois cortou todo mundo para entrar mais na frente, trancando ainda mais o trânsito. Ou aquele que parou em local proibido e disse: “Foi só pra descarregar uma coisinha de nada, não foi nem cinco minutos”. Nossos pequenos deslizes estão aí no dia-a-dia para quem quiser fazer autocrítica. E desculpa é o que não falta: estava atrasado, não tinha lugar, foi só desta vez, e por aí vai. Aparentemente estas pequenas transgressões não prejudicam tanto os demais, mas será? No mercado segurador temos um dado chocante: estima-se que 20% dos sinistros de automóveis no RS são oriundos de pequenas fraudes. Isso representa mais de R$ 200 milhões no ano, sendo pagos indevidamente pelos contratantes de seguros, através das seguradoras. Pois o dinheiro das indenizações é retirado do fundo comum, composto pelos valores pagos pelos segurados e administrados pelas Seguradoras. Como exemplo podemos citar o caso daquele motorista de aplicativo que não informa a sua seguradora em relação a sua atividade e na hora do acidente inventa alguma desculpa para tentar não perder a cobertura. Pode parecer insignificante, mas quem acaba pagando esta conta somos eu e você. Talvez o grande problema do país nem seja a impunidade. Talvez seja apelidar estas nossas pequenas corrupções e transgressões do dia-a-dia de jeitinho brasileiro.