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O mago dos seguros

20.10.2016 - Fonte: Isto É Dinheiro

O executivo Antonio Cassio dos Santos, que já comandou gigantes como Mapfre e Zurich, une experiência e misticismo para fazer a maior seguradora da Europa decolar no Brasil Assim como as vacas, os elefantes possuem um simbolismo fortíssimo na Índia. Na religião hindu, o deus Ganesha, que é o representante máximo da sabedoria e superação, possui a cabeça do paquiderme. Não é por acaso, portanto, que o executivo paulistano Antonio Cassio dos Santos tenha 18 miniaturas do elefante em sua sala na sede da Generali, em São Paulo. A espécie, aliás, representa muito bem o atual momento do executivo que, desde abril do ano passado, atua como presidente da seguradora italiana nas Américas. Cassio, como é conhecido, tem a missão de ultrapassar os obstáculos atuais e fazer a companhia centenária, que acumula prejuízos no Brasil e ocupa apenas a 24ª posição no mercado local, finalmente engrenar. Para isso, terá R$ 200 milhões à disposição para investir na operação brasileira, o maior aporte feito até hoje por aqui. A ideia, segundo ele, é que seja o início de uma revitalização da subsidiária, que tem participação tímida diante dos E 74 bilhões em ativos globais da Generali, a maior da Europa. “Queremos um reposicionamento da companhia no mercado brasileiro e aproveitar os segmentos que a concorrência não está olhando”, diz Cassio. O caminho para vencer as adversidades está na sabedoria.” Seu primeiro negócio foi a parceria com o banco BMG. Ambos assinaram um contrato de vinte anos, que prevê a geração de R$ 27 bilhões em prêmios – termo que define quanto os clientes pagam às seguradoras. Para atingir tais cifras, o BMG utilizará suas agências para comercializar os seguros, mas também as lojas de crédito consignado Help!, que também são franquias. Atualmente, são 400 unidades ativas, mas o BMG enxerga espaço para 1,5 mil pontos de venda até o fim do ano que vem. O público-alvo é formado por aposentados, pensionistas e funcionários públicos, geralmente de idades mais avançadas. “Um dos motivos de termos escolhido a Generali foi porque a empresa está habituada a atender um público semelhante na Europa”, diz Jorge Sant’Anna, presidente da BMG Seguros. De acordo com o CEO da Generali, o pensamento de que pessoas mais experientes embutem maior risco para uma seguradora é equivocado e que é possível mitigar perdas atendendo um mesmo público diversificando produtos. A opinião é compartilhada por especialistas. “É possível equilibrar o risco com um seguro de carro e outro de saúde, por exemplo”, diz João Luiz Herreros, sócio diretor da MBS Seguros. Além do BMG, a Generali também negocia a entrada em redes de varejo para fornecer serviços de garantia estendida a produtos eletrônicos, mas não revela as interessadas. Este não será o primeiro grande negócio da carreira de Cassio. Quando era o responsável pela operação da espanhola Mapfre, em 2005, adquiriu em leilão de privatização o controle da Nossa Caixa Seguros e Previdência, por R$ 225 milhões. A aquisição representou o primeiro passo para a expansão da companhia no País. Seis anos mais tarde, com a compra da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil, a Mapfre virou parceira do braço de seguros da instituição, formando a segunda maior empresa do setor. Já na Zurich, dois anos atrás, o executivo fechou uma parceria bilionária com a Via Varejo, dona das marcas Casas Bahia e Ponto Frio, para explorar os negócios de garantia estendida de eletrônicos. No caso da Generali, o acordo com o BMG é necessária para reforçar a presença da companhia. Após reestruturação, a empresa emitiu R$ 553 milhões em prêmios no ano passado, em queda sobre os R$ 877 milhões de 2014. Segundo pessoas do setor, a Generali era vista como uma operação confusa. A gestão do novo presidente, contudo, vem dando frutos. No mesmo período, o prejuízo foi reduzido em 67%, para R$ 148 milhões. Mais do que nunca, a experiência de Cassio será fundamental para a virada de página da Generali. “Não sou um executivo de manutenção, mas de virada e crescimento”, afirma ele, repetindo um de seus mantras profissionais. Enquanto estiver no comando, o leão alado que simboliza a companhia terá o reforço dos seus elefantes.

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