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Mulheres avançam nos cargos diretivos do mercado de seguros brasileiro

27.09.2022 - Fonte: Revista Apólice

mariahelenamonteiro

4º Estudo Mulheres no Mercado de Seguros no Brasil mostra que proporção de mulheres avançou de 2x1. Igualdade deve chegar em 10 anos

O 4º Estudo Mulheres no Mercado de Seguros no Brasil, realizado pela ENS, com apoio da Fenacor e da CNseg, mostra que a proporção de mulheres nas seguradoras é de 54,4% em todos os níveis. Para os níveis hierárquicos mais altos, este número avançou para 2 homens para cada mulher, contra 4 x 1, proporção do primeiro Estudo, feito há 10 anos.

A diretora da ENS, Maria Helena Monteiro e o economista Francisco Galiza foram os autores do Estudo e apresentaram alguns dados. Galiza informou que a bibliografia internacional mostra a diversidade como valores. Um dos mais importantes, criado ao longo do tempo (passando pelos iluministas, revolução francesa, constituição americana) afirma que todos são iguais.

“Um dos argumentos para o investimento em diversidade é que as estruturas mais diversas são mais lucrativas, além de um pilar de fator civilizatório”, enfatizou o economista.

Ele contou que há 10 anos conversaram para montar o primeiro estudo sobre as iniciativas do mercado de seguros sobre a participação das mulheres, em uma análise teórica. Em 2022, cerca de 400 executivas responderam a pesquisa qualitativa. Em 2012, apenas 70 mulheres participaram.

“A conclusão de fato deste estudo é que houve uma melhora expressiva em termos de inclusão e participação das mulheres no mercado de seguros. Mantendo as taxas dos últimos 10 anos, o equilíbrio deve acontecer em 10 anos”, apontou Galiza.

A transformação vai envolver uma geração que está saindo do setor, com a que está entrando, ou seja, dependerá de um pacto intergeracional.

Maria Helena Monteiro apresentou alguns dados do estudo. 16 seguradoras responderam ao questionário, representando 20 mil funcionários. 54,4% dos funcionários das seguradoras são mulheres, entretanto em nível de diretoria 69% são homens e 31% mulheres. Para cada dois executivos existe uma executiva. No primeiro estudo, em 2012, a proporção era de 4 para 1 nos cargos executivos.

Em termos salariais, as mulheres ainda recebem cerca de 70% do salário masculino. Esta não é uma prática apenas do mercado brasileiro. “Há um ‘hiato de confiança’, porque as mulheres não agem como homens”, explicou Maria Helena.

Como argumentos para esta diferença salarial, Maria Helena apontou alguns motivos: as mulheres são mais cautelosos quando se candidatam aos empregos; as mulheres são mais modestas; se posicionam menos em reuniões predominantemente masculinas; e as mulheres são mais relutantes em pedir aumento de salário. “Homens ousam mais na carreira porque não contam com o peso da culpa pelos fracassos”, pontuou Maria Helena.

Uma pesquisa da universidade de Princeton demonstrou que a queda da renda das mulheres brasileiras após a chegada de um filho é de 38%. “As políticas de igualdade de gênero contribuem para diminuir esta diferença”, enfatizou a executiva.

A pesquisa qualitativa do 4º Estudo mostrou que as mulheres corretoras de seguros não sentem-se discriminadas.

As sugestões para as empresas, feitas pelas participantes da pesquisa, vão desde a flexibilização de horários, metas para promoção de mulheres com vistas a chegar a 50/50; educação corporativa contra o preconceito; divulgação do percentual de mulheres que participam das empresas.

Glauce Carvalhal representou a CNseg no evento de lançamento do estudo, para mostrar um retrato do mercado. A finalidade do grupo de trabalho da Confederação, com 27 seguradoras, é desenvolver ações para um mercado de seguros mais igualitário. Ela apresentou alguns números do relatório de sustentabilidade da CNseg: 100% das seguradoras promovem políticas igualitárias e 47% participam de algum programa dedicado à promoção da diversidade.

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