>

José Pedro Vianna: Emoções soterradas

03.06.2024 - Fonte: José Pedro Vianna Zereu

7cc8912a-0b96-4e32-b49c-1e8e03f51471

Confira artigo escrito por José Pedro Vianna Zereu, gestor do escritório Agrifoglio Vianna Advogados Associados e especialista em Biopsicologia.

Enchentes interiores, avalanches de emoções, inundação de tristeza, medo, raiva...

As emoções estão latentes nos gaúchos. O que fazer com elas? Como lidar com tamanha surpresa em relação ao nosso estado interno, após ver o caos lá fora?

Por onde começar? Preciso cuidar de mim, da minha família, do meu negócio, da minha casa alagada e ajudar parentes, conhecidos, desabrigados... A lista de afazeres é infindável.

Em um momento caótico como esse, quem está diretamente envolvido com a tragédia tem uma predisposição enorme a reviver transtornos já vivenciados – que poderiam estar apaziguados - ou apresentar quadros nunca sentidos. O estresse pós-traumático, a ansiedade e a depressão são alguns destes distúrbios que vão aparecer na população gaúcha nesses próximos meses.

Tanto para quem precisa de apoio, quanto para quem quer apoiar, o primeiro passo é entender como estão sendo supridas as necessidades básicas daqueles que foram afetados. Alimentação, sono, abrigo, proteção ao frio e segurança são as prioridades que devem ser supridas de forma contínua para que qualquer pessoa recupere sua dignidade e possa iniciar o processo de aceitação e elaboração da realidade que está vivenciando.

Outra necessidade que vem logo a seguir é a identificação de patologias que estavam sendo tratadas previamente ao incidente, e a retomada do tratamento que vinha sendo administrado.

Somente após essas prioridades biológicas atendidas é que o apoio emocional pode ser iniciado. Um movimento recomendado é a reconexão com os parentes ou amigos próximos que estejam com um estado de saúde emocional mais estável. Eles poderão auxiliar a pessoa afetada a resgatar um senso de pertencimento; trazer de volta um sentimento de esperança; dar afeto e acolhimento, fundamentais para o resgate nessas situações; e pensar em estratégias práticas que impulsionem a renovação.

De todo modo, não temos como esconder ou mascarar nossas emoções. Para passar por elas, é imprescindível senti-las. Ter espaço para dar vazão às emoções que se apresentarem ao longo dessa caminhada de volta à vida “normal” é a única forma de não deixarmos que as emoções contidas nos afetem inconscientemente.

Ser escutado por profissionais ou pessoas que saibam empatia é uma forma simples de liberar as emoções que não puderam ainda ser sentidas em toda sua profundidade em razão das demandas mais urgentes pelas quais estamos passando.

Quem desejar desenvolver a habilidade da escuta, tanto para poder apoiar pessoas que estão precisando desse acolhimento emocional, quanto para tornar a autocrítica interna mais compassiva, pode entrar em contato para conhecer as mentorias da Escola da Emoções pelo telefone (51) 99169 1659 ou pelo Instagram @zpedrovianna. Estou facilitando alguns grupos de formação em escuta empática para atender especificamente as pessoas afetadas pelas enchentes no RS.

Notícias Relacionadas