>

Ivanete Laux e sua história por trás dos números das enchentes

29.05.2024 - Fonte: Seguro Gaúcho

b41aeaf0-9424-4f2b-8723-87b77caeeac9

Maio costuma ser um mês de festa e celebrações. Mês em que celebramos o Dia das Mães e, também, o “o mês das noivas”. Porém, em 2024 maio será lembrado para sempre como uma época trágica devido às enchentes que afetaram o Rio Grande do Sul.

Diante de uma situação de calamidade púbica sem precedentes na história do estado, milhares de pessoas ficaram desalojados quando suas residências foram invadidas pelas enchentes. Em Porto Alegre (RS) o Parque Humaitá está entre as localidades que mais foram atingidas pela inundação. Moradora do bairro, a corretora de seguros Ivanete Cristina Laux e sua família entraram para a lista de pessoas que foram desalojadas.

Desde 2004 que Ivanete trabalha no setor de seguros. A avaliar riscos, orientar segurados e acompanhar sinistros estão entre as atribuições que fazem parte da jornada profissional que ela construiu ao trabalhar em corretoras até 2015, ano que decidiu tornar-se empresária no segmento e fundou a Maxter Corretora de Seguros. Casada, mãe de duas crianças e sócia-diretora da Maxter, dinamicidade é o que não falta em sua vida profissional. E para contextualizar a história de Ivanete diante das devastadoras enchentes é preciso informar que vários familiares dela residem em localidades que foram afetadas pelas águas. “Os pais do meu marido moram na Vila Farrapos, a oficina de meu irmão e de meu pai fica na rua dona Sebastiana que é perto do Parque Humaitá. A residência de minha mãe está situada no bairro Santa Maria Goretti e meu pai tem uma casa em Eldorado do Sul”, esclarece a corretora de seguros.

As previsões climáticas alertavam para o impacto das forças da natureza e a população estava ciente de que poderia ser afetada pelos alagamentos, mas nem todos esperavam uma inundação avassaladora na região metropolitana. E Ivanete não poderia imaginar que a catástrofe climática modificaria de forma abrupta a rotina dela e de sua família. Acompanhada dos dois filhos, Ivanete saiu de casa na tarde de sexta-feira, 03 de maio, com uma muda de roupa e a certeza que no dia seguinte retornaria ao lar, enquanto seu marido auxiliava os pais. O destino inicial dela e das crianças foi a casa de sua mãe no bairro Santa Maria Goretti. Pela noite ela soube através do cônjuge que várias regiões de Canoas estavam sendo evacuadas: “naquele momento percebi que a tragédia seria maior do eu poderia imaginar”.

A madrugada seguinte foi tensa para Ivanete e sua família. Junto com os filhos, a mãe, a cunhada e seus dois cães pets eles dormiram na mesma peça e fizeram ronda para verificar com temor o avanço das águas. Mas a preocupação da corretora também estava direcionada para os sogros que conseguiram alojamento na casa de uma amiga, após terem sido afetados pela enchente, cujo nível d’água já estava na cintura deles. Como se tudo isso não bastasse, Ivanete ainda ficou temerosa com a conduta de seu pai diante das enchentes: “fiquei sabendo que ele foi pra Eldorado do Sul, na quinta-feira, 02 de maio, com o propósito de resgatar sua cachorrinha que havia fugido. Ainda bem que ele conseguiu retornar de lá”. No dia 04 de maio, Ivanete, o marido e seus filhos decidiram mudar-se para um lugar mais seguro e o local escolhido foi o depósito de móveis de seu sogro na avenida Protásio Alves.

O nível das águas subiu muitoe a enchente alagou completamente o primeiro andar da residência de Ivanete. A cozinha desmoronou e foram atingidos equipamentos importantes como refrigerador, sofás e eletrodomésticos. A sala está mofada e os vidros das janelas quebram com o impacto das águas. "As mochilas com o material didático das crianças, os uniformes escolares, roupas, fotos, documentos pessoais e certidões. Fotos da formatura do meu filho no jardim de infância também estão completamente destruídas. É uma vida inteira que está submersa em uma água podre", lamenta a corretora. E a elevação das águas também atingiu os parentes. A oficina de seu pai e de seu irmão, que fica no bairro São João, também foi duramente afetada pelas enchentes.

Mesmo estando desalojada temporariamente, Ivanete segue trabalhando. A corretora e sua equipe têm orientado os clientes atingidos pela catástrofe climática a comunicarem imediatamente a Maxter Corretora de Seguros para a realização dos procedimentos referentes aos avisos junto às Seguradoras. “É o momento de facilitar a vida dos segurados, por isso solicitamos que eles enviem fotos e façam um breve relato dos prejuízos. Mobilizamos nossos colaboradores para priorizarem o atendimento. E estamos impressionados com a agilidade da Tokio Marine e da Porto na regulação dos sinistros”, salienta Ivanete.

No Parque Humaitá o nível da água permaneceu elevado se comparado a outros bairros da Capital. Por isso Ivanete e sua família encontraram muitas dificuldades em retornar para a casa, que permanecia sem luz e inacessível, o que impossibilitava a limpeza do local. Diante dessa realidade, a família achou melhor mudar-se do alojamento em que estavam para uma casa na praia de Cidreira e no dia 16 de maio rumaram para o litoral: “meus filhos ainda não compareceram às aulas, pois o colégio deles foi muito alagado e não tem previsão de retorno. Eles estudam no Pão dos Pobres em Porto Alegre e a escola está pedindo doações de livros e materiais escolares pois a biblioteca”. Entretanto, Ivanete já conseguiu retornar para Maxter Corretora de Seguros. Ela tem alternado seu tempo entre as atividades profissionais no centro da Capital com a vida pessoal ao lado da família numa cidade litorânea.

Diante da atual realidade que está vivendo, a corretora têm demonstrado garra, força de vontade e tem procurado extrair os aspectos positivos do que está acontecendo, mas existem momentos em que ela sente certa fragilidade: “pretendo servir de exemplo para meus filhos, consolá-los e tento transmitir a eles a mensagem de que podemos e iremos recomeçar do zero, se for preciso. Mas por dentro eu desejo minha cama para dormir, minha casinha para limpar. De noite, quando ninguém está por perto, eu quero chorar. São anos de trabalho que simplesmente foram destruídos”.

Para quem se define como uma mulher extremamente vaidosa, não ter a possibilidade de cuidar diariamente da aparência física pode parecer contraditório, mas é um bom exemplo para que se compreenda o impacto da catástrofe climática na vida das pessoas: “uso cílios postiços, tenho as unhas constantemente pintadas, estou sempre de salto alto e maquiada. O perfume que utilizo tem uma fragrância marcante. No entanto, por três semanas meus hábitos mudaram e agora eu agradeço a Deus por ter água para escovar os dentes”. Contudo, Ivanete mostra-se otimista e vislumbra o atual momento como um período de aprendizado e amadurecimento. “Te garanto que vou sair fortalecida dessa experiência de não ter quase nada, e mesmo assim, ainda ter mais do que tanta gente”, conclui.

Notícias Relacionadas