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InsurTechs inovam setor de seguros e atraem mais de US$ 3 bilhões em investimentos no mundo todo

30.11.2016 - Fonte: Exame

A indústria de seguros tem uma grande demanda por inovação, mas ainda não se beneficiou da digitalização como poderia, apesar de seu enorme tamanho – em 2014, só nos Estados Unidos, o mercado pagou em prêmios um valor total de US$ 1,99 trilhão, o que equivale a 11% do PIB norte-americano. O surgimento das chamadas InsurTechs, segmento das FinTechs focada em serviços avançados e disruptivos para o mercado segurador, é sinal dos primeiros passos desse movimento. Em 2015, esse nicho emergente do setor atraiu investimentos de US$ 3,1 bilhões no mundo todo, segundo o relatório InsurTech Outlook, da consultoria Everis. O estudo aponta ainda que os fundos de capital de risco das seguradoras estão diversificando seus investimentos para integrar novos recursos digitais em suas estratégias de negócios, tornando as companhias ainda melhores e mais eficientes. Outro desafio é adotar uma nova forma de se relacionar com os clientes, por meio de plataformas omnichannel ou da gamificação, além de tornar os players do setor capazes de oferecer seguros personalizados. “A digitalização é uma tendência em praticamente todos os mercados e não é diferente no setor de seguros. Esses números retratam como o mundo inteiro se prepara para essa nova onda trazida por companhias que usam a tecnologia para tornar a oferta e apólices mais personalizada e atrativa para os consumidores, que demandam ainda mais agilidade e eficiência nos serviços”, comenta Eldes Mattiuzzo, CEO da Youse . Um relatório divulgado em março passado pela consultoria PwC confirma a grande oportunidade que a inovação representa para esse mercado. “As InsurTechs estão crescendo como uma oportunidade transformadora para que as seguradoras inovem, melhorem a relevância de suas ofertas e cresçam. O financiamento das InsurTechs tem ocorrido em linha com os investimentos realizados na FinTechs de um modo geral. Esperamos que esses investimentos cresçam na medida em que novos players e investidores ingressem nesse campo”, afirma a análise. Como consequência, cresceu também o interesse no assunto – desde o primeiro semestre de 2015, o volume de menções ao termo “Insurance Technology” na mídia cresceu aproximadamente 800%, segundo o relatório Prepare for InsurTech Wave, elaborado pela Financial Technology Partners. Nesse cenário, inúmeras InsurTechs estão surgindo em todo o mundo, modificando a tradicional forma de fazer seguros e fortalecendo o relacionamento com os clientes, em virtude de uma estrutura mais leve que decorre do uso da tecnologia. E há grandes exemplos recentes dessa mudança, até mesmo no Brasil. Casos locais e internacionais A Youse é o primeiro player do País que se apresenta como InsurTech. A primeira plataforma brasileira de venda de seguro online , pertencente ao Grupo Caixa Seguradora, está inserida no mesmo grupo de novos serviços que ajudam a tornar segmentos tradicionais mais avançados, tais como Uber, Nubank e Netflix. Entre os maiores diferenciais da Youse, que é uma marca nativa digital, está a contratação de apólices personalizadas em questão de minutos e pela internet (via website ou aplicativo móvel), com inúmeros parâmetros que podem ser selecionados pelo cliente, atendendo a necessidades diversas. São mais de 1.000 combinações possíveis dentro das apólices. Outra novidade trazida ao Brasil pela plataforma é o modelo de oferta direta, que torna o serviço mais ágil e elimina etapas da contratação. A experiência que marcas como a Youse trazem ao País faz parte de um movimento global. Em setembro, foi lançada nos EUA a Lemonade, que se apresenta como a primeira companhia de seguros que atua no modelo P2P (peer-to-peer), cuja proposta é aproximar grupos de pessoas que desejam comprar seguros e investidores querendo bancar esse risco. Atuando em seguros para residência e com planos de expandir rapidamente pelos EUA, a Lemonade tem como alvo atribuir ao seguro a imagem de um bem social e não um mal necessário – semelhante à missão da Youse. E assim como a plataforma brasileira, a Lemonade permite a rápida contratação de apólices de seguros via smartphone, oferecendo a opção de não interagir com um corretor. Outro exemplo é o Metromile, serviço de seguros para automóveis que traz uma nova proposta ao setor: cobrar pela cobertura contra danos de acordo com a distância percorrida. Além de uma mensalidade de US$ 35, o consumidor paga uma taxa adicional de US$ 0,05 por milha usando um “dongle” (um “token” conectado à internet). A startup norte-americana acredita que a seguradoras tradicionais não são justas com os motoristas de “baixa milhagem” e toma como base uma estatística que indica que a maioria dos motoristas segurados (65%) acabam pagando também para custear parte da cobertura dos motoristas que circulam mais. “Se você já está dirigindo menos, você deveria realmente começar a pagar menos”, diz o site da Metromile.

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