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Icatu vê salto no lucro com recuo das mortes pela Covid e alta dos juros

01.03.2023 - Fonte: O Globo

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A Icatu, maior seguradora independente do país, teve lucro líquido de R$ 285,1 milhões em 2022 — 263% mais que no anterior, graças ao recuo da pandemia e aos juros altos, que favorecem a rentabilidade das reservas de toda seguradora. Mas a captação dos fundos de previdência ficou praticamente no zero a zero, com os brasileiros menos dispostos (e com menos grana no bolso) para poupar para o longuíssimo prazo.

As despesas com indenizações de seguros por causa de mortes da Covid caiu de R$ 418,7 milhões para R$ 47,2 milhões em 2022 — menor até que em 2020 (R$ 75,3 milhões). O recuo da pandemia foi um alívio para um setor que viu sua sinistralidade subir de 43,2%, em 2019, no pré-Covid, para mais de 70% em 2021, auge da doença.

— No ano passado, o lucro foi pressionado pelos óbitos da Covid, que atingiram seu ápice naquele período. É forte afirmar que se trata de uma página virada, mas voltamos a um patamar mais próximo do que era o pré-pandemia — explica o CEO Luciano Snel.

O faturamento total da Icatu foi de R$ 10,6 bilhões, um avanço de 8% em relação a 2021 e também acima dos R$ 8,4 bilhões registrados em 2020 — ano em que sua lucratividade havia sido maior (R$ 292,4 milhões). O retorno sobre o patrimônio (ROE, na sigla em inglês, uma das métricas mais importantes de lucratividade do negócio) ficou em 18%, abaixo da casa dos 20% que vinha registrando, porém.

— Mas consideramos um ROE de 18% como bastante saudável. A sinistralidade do mercado ainda está acima do pré-pandemia, mas em um patamar mais saudável que 2021. E fizemos investimentos importantes em tecnologia nos últimos anos, o que impacta nessa métrica — diz Snel.

‘Cultura está mudando’

De acordo com o executivo, o segmento de seguros de vida registrou um avanço de 16% em faturamento, para R$ 3,5 bilhões, com destaque para PMEs e procura por coberturas usadas em vida.

— A gente percebe demanda maior por esses produtos sobretudo depois da pandemia, que chamou a atenção para o valor desse tipo de proteção. A cultura do brasileiro está mudando — acrescenta.

Na previdência, porém, a captação líquida ficou positiva em apenas R$ 36 milhões. (As reservas totais cresceram 8,3%, no entanto, para R$ 50 bilhões, com a alta dos juros).

— Em 2021, tivemos R$ 3,1 bilhões em resgates. Em 2022, houve um salto de 17%, para R$ 3,7 bilhões. Isso reflete o momento atual dos brasileiros diante de incertezas econômicas. Mas achamos que a tendência fortalece o papel da previdência como um mecanismo de reserva de liquidez para o brasileiro, mesmo que ela tenha sido pensada para o longo prazo — observa.

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