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De 1941 a 2024: Tecidos Raphael Dabdab enfrenta novamente o desafio das enchentes

23.07.2024 - Fonte: Seguro Gaúcho | Andréia Pires

Pedro Piegas PMPA (recortada)

Em dezembro, a loja Tecidos Raphael Dabdab completará 99 anos de existência, carregando uma rica história de superação e resiliência. Em entrevista exclusiva ao Seguro Gaúcho, o administrador Sérgio Martins compartilha as dificuldades enfrentadas durante as recentes cheias de 2024, que relembram o impacto devastador da enchente de 1941.

O impacto devastador de 2024

Localizada em uma área propensa a alagamentos, no centro da capital gaúcha, a loja estava acostumada com a entrada de água durante as chuvas intensas, geralmente não ultrapassando os 5 a 10 cm. No entanto, em 3 de maio de 2024, as águas subiram inesperadamente, atingindo entre 1,50 e 1,60 metros. "Providenciamos a elevação dos tecidos para uma altura de 1 metro, imaginando que estaríamos evitando a tragédia, mas a água superou nossas expectativas," relata Sérgio Martins.

A real gravidade da situação se revelou quando, após 19 dias, os funcionários finalmente conseguiram acessar a loja. Sem energia elétrica, a devastação era evidente. "Aquilo que não havia molhado, estava umedecido. Mobiliário, computadores, documentos e cerca de 70% das mercadorias foram atingidos. A lama e a água dobraram ou triplicaram o peso dos tecidos, quebrando prateleiras e causando danos imensuráveis. Alguns tecidos que estavam úmidos conseguimos enviar para uma empresa de beneficiamento, mas até agora não recebemos o montante recuperado", detalha o administrador, sobre a catástrofe que causou prejuízos significativos para a empresa. A estimativa inicial é de 8 milhões de reais em tecidos danificados, além de danos a prateleiras, computadores e instalações elétricas.

A falta de seguro para alagamento

Apesar de sempre possuir seguro, a loja não incluía cobertura para sinistros por alagamento. "Como a maioria, não tínhamos essa cobertura específica," lamenta Sérgio. A falta dessa proteção agravou ainda mais as dificuldades que estão sendo enfrentada durante o período de recuperação.

Ações e recuperação

A restauração da loja foi um desafio. Sem eletricidade, inicialmente adquiriram um gerador a gasolina para começar a limpeza e restauração. "Formamos uma equipe para lavar, pintar e descascar móveis, abrindo a loja de forma precária em julho de 2024, oferecendo os tecidos que subimos para a parte superior após acessarmos o prédio," conta.

A recuperação total dos artigos danificados é difícil, especialmente com tecidos importados de fábricas que não existem mais. "Seguimos oferecendo o que sobrou, na esperança de dar continuidade, mas o futuro é incerto," desabafa Martins.

O compromisso com os funcionários

Mesmo diante das adversidades, a Tecidos Raphael Dabdab manteve seu compromisso com os funcionários. "Nosso quadro é composto por cinco funcionários celetistas e um autônomo. Não desligamos ninguém e pagamos seus salários com recursos que mantínhamos," salienta, destacando a importância de preservar a equipe durante a crise.

A história da loja e a enchente de 1941

A Tecidos Raphael Dabdab tem uma história marcada pela resiliência. Fundada em 23 de dezembro de 1925 pelo imigrante sírio Raphael Kali Dabdab, a loja enfrentou a enchente de 1941, que também causou danos significativos. Na época, localizada na Rua Voluntários da Pátria, nº 100, seus colaboradores conseguiram elevar as mercadorias para uma parte superior, evitando perdas de tecidos.

O Sr. Raphael K. Dabdab, falecido em 1994 aos 95 anos, iniciou o negócio fornecendo tecidos e aviamentos para alfaiates. Após sua morte, seus filhos Elias e Kalil continuaram o empreendimento, com Elias assumindo o comando até seu falecimento em 2016. Hoje, a loja é gerida por Sérgio Martins, funcionário desde 1985.

Retomada e futuro

Apesar das incertezas, a Tecidos Raphael Dabdab segue adiante, apoiada em quase um século de tradição e superação. "Continuamos na esperança de recuperar e oferecer o que restou, sempre com o compromisso de honrar a história e legado da nossa loja," finaliza Sérgio.


Crédito foto: Pedro Piegas

 

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