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Companhias ampliam operações de seguros massificados

31.05.2023 - Fonte: CQCS com informações do Valor

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Segundo informações do site Valor Econômico, fazem parte da estratégia das seguradoras para ampliar a operação no mercado de seguros massificados e de nicho, a expansão do portfólio, a diversificação dos canais de distribuição e a oferta customizada. A essas ações, somam-se investimentos no aperfeiçoamento de plataformas digitais e na adoção de ferramentas de inteligência artificial com o objetivo de melhorar a experiência do cliente ao longo da jornada de relacionamento – da contratação da apólice até a regulação do sinistro.

As iniciativas refletem o momento atual do mercado de seguros. A desregulamentação em curso nos últimos anos criou um ambiente mais favorável aos negócios no setor, porque confere mais liberdade de atuação às seguradoras para desenvolvimento de produtos e novas formas de comercialização.

Como exemplo de avanço decorrente da desregulamentação, Camila Calais, sócia de prática de seguros e resseguros e previdência privada do escritório Mattos Filho Advogados, destaca a possibilidade de as seguradoras oferecerem uma apólice com várias coberturas. Ela cita ainda as interações através de canais digitais, que facilitam a contratação de apólices pelos segurados. Calais aposta no aumento da taxa de penetração de seguros massificados no mercado, como também diz acreditar no incremento do seguro de nicho, com valor do prêmio, segundo ela, bem mais acessível ao bolso do consumidor.

Uma das modalidades de proteção que ganham força é a de dados on-line contra fraudes na internet. A BNP Paribas Cardif lançou um seguro destinado principalmente aos consumidores das classes C, D e E que desejam evitar prejuízos causados pela exposição indevida de informações pessoais, senhas e dados bancários. Um time especializado em segurança cibernética garante a eficácia do produto, que pode ser combinado com outros seguros para proteção das operações financeiras indevidas, como saque, compra ou transações via Pix, transferências eletrônicas e pagamentos por aproximação (NFC, na sigla em inglês).

Segundo o diretor-executivo comercial marketing e digital da BNP Paribas, Marcel Dorf, a companhia quer expandir a operação no mercado de celulares, com a oferta de seguros contra roubo, furto e quebra acidental. Também oferecerá investimentos na melhoria do atendimento digital e na gestão mais eficiente de apólices, por meio da redução da quantidade de documentos que precisam ser enviados em casos de sinistros.

O uso de ferramentas de inteligência artificial para melhorar a experiência de relacionamento do segurado está no centro das atenções também da Generali Brasil. Conrado Gordon, diretor técnico e de sinistros da companhia, diz que com a tecnologia foi possível reduzir em um terço o tempo médio dos trâmites de regulação de sinistros, que antes girava em torno de 20 a 25 dias. A meta é tornar o processo ainda mais ágil.

Os seguros que cobrem operações de Pix e protegem celulares fazem parte da carteira Property and Casualty (P&C), que representa 10% dos negócios da Generali. Um novo produto será incorporado a esse ramo nos próximos meses: proteção de bagagem, que indenizará o segurado em caso de desvios em aeroportos. No ano passado, a seguradora registrou um volume de prêmios emitidos em massificados de R$ 981,6 milhões, representando um incremento de 36% em relação ao obtido no exercício 2021. A estimativa de Gordon é a de chegar ao fim de 2023 com um incremento de 15%.

A descontinuidade das modalidades de operações financeiras Documento de Ordem de Crédito (DOC) e Transferência Especial de Crédito (TEC) até fevereiro do próximo ano, anunciada em maio pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), tende a impulsionar ainda mais as transferências realizadas via Pix. As seguradoras ainda não dimensionaram o impacto sobre a demanda por seguros, mas consideram que a medida abre caminho para a formatação de produtos que, no caso de celulares, podem integrar a proteção física e as operações financeiras.

A AXA Seguros pretende promover essa integração no decorrer deste ano, informa Patrícia Soeiro, superintendente de vida e parcerias. “O desafio, entretanto, será viabilizar esse processo tecnologicamente e encontrar parceiros, além dos habituais, que queiram fazer a oferta do produto no mercado”, observa. A seguradora distribui as suas apólices de seguro através de uma rede de cinco mil corretores cadastrados e por aproximadamente 20 parceiros comerciais, abrangendo bancos, varejistas, cooperativas e companhias de energia, entre outros.

O objetivo da AXA Seguros é se posicionar entre as cinco maiores seguradoras do mercado nos próximos anos. A companhia oferece seguro Pix desde 2022. A cobertura, atualmente concentrada nas transferências realizadas sob ameaça e coação, se estenderá em breve às compras e roubos de bens adquiridos via Pix. Embora seja um produto novo, Patrícia Soeiro tem a expectativa de um crescimento de 30% na base de segurados neste ano. No caso do celular, um produto mais antigo na carteira, a proteção é contra roubo/furto e quebra acidental.

A Ciclic decidiu ampliar o escopo de cobertura no seguro celular e diversificar o portfólio de ofertas. A insurtech da BB Seguros incluiu a proteção do aparelho durante as viagens internacionais. Outra novidade é a possibilidade de o segurado contar também com o seguro bolsa protegida mediante o pagamento de uma taxa adicional de R$ 3,90 por mês. Lançado em maio, este produto garante a cobertura securitária do celular e dos demais bens da bolsa ou mochila em caso de roubo e furto.

Com tais ações e a decisão de atuar em outros centros fora do eixo Rio-São Paulo, Darllan Botega, CEO da Ciclic, espera manter o bom desempenho da carteira de seguro celular, que representa 20% da operação em receita. Segundo ele, a taxa de renovação de apólices está em 25%, em média, enquanto o índice de conversão (vendas) praticamente dobrou, para 3,5%, na comparação entre os três primeiros meses de 2022 e 2023. Em abril foi lançada a proteção a pet, que oferece benefícios como aplicação de vacina, consultas veterinárias de emergência (inclusive por telemedicina), castração e checkup veterinário anual.

Na Zurich as atenções estão voltadas ao aperfeiçoamento da plataforma digital, ativada em meados de abril, com o objetivo de oferecer ao consumidor uma alternativa de contratação de seguros. Através desse canal será possível oferecer cobertura a aparelhos com até dois anos de uso, já que a rede de distribuição normalmente se dedica à venda de apólices para celulares novos. A ideia, entretanto, é que em breve a plataforma digital esteja disponível também aos 105 parceiros comerciais dos setores de varejo, telecomunicações e bancário para renovação de apólices.

O volume de mil apólices contratadas nos primeiros 15 dias de operação deixou Luís Reis, diretor-executivo de parcerias da Zurich, otimista quanto à possibilidade de as vendas via plataforma digital superarem as realizadas através da rede tradicional de distribuição. “As pessoas tendem cada vez mais a utilizar os canais digitais”, avalia. O seguro-celular responde por 25% do total de prêmios arrecadados com massificados. O tíquete médio da apólice gira em torno de R$ 500.

O mercado de bicicletas desperta o interesse das seguradoras. A demanda por seguros cresceu bastante nos últimos anos, principalmente para proteção das bicicletas de maior valor (convencionais e elétricas). A percepção do risco de sinistro, em especial roubos, contribui para o aumento das contratações, avalia Raquel Silva, diretora de afinidades e parcerias da Willis Towers Watson (WTW). “Está havendo uma conscientização gradual em relação ao seguro, mas a contratação, por enquanto, se concentra nos grandes centros urbanos, como São Paulo. Ainda existe muito espaço para crescer em outras localidades.”

A corretora registrou crescimento de 15% na taxa de conversão desde que começou a operar nesse ramo, em dezembro do ano passado. O objetivo é explorar o nicho de bicicletas esportivas de alto valor. Para tanto, oferece coberturas contra roubo e furto, acidentes pessoais e quebra do equipamento. Os benefícios na apólice incluem a modalidade danos a terceiros (responsabilidade civil) e a proteção internacional. Segundo Raquel Silva, foram incluídos pacotes de assistências, como o transporte de pessoas para hospitais ou residência e a remoção da bicicleta em caso de sinistro.

A Akad Seguros e a Simple2u investem em apólices para bicicletas novas e usadas. Para expandir as vendas, a primeira formalizou uma parceria com os fabricantes. Segundo Danilo Gamboa, CEO da Akad, as apólices contêm uma gama de assistências desenhadas ao perfil de cada segurado: reparos, regulagem de freio, trocas de peças e um serviço de transporte para o hospital ou residência, em caso de acidentes.

Já a Simple2u Seguros, uma insurtech do grupo MAG, alinhou a comercialização de produtos para bicicletas ao seu modelo de negócio on demand, estruturado desde que iniciou as suas operações no mercado, em fevereiro do ano passado. Nessa abordagem, a precificação e o escopo de cobertura da apólice são definidos de acordo com o uso. “Estamos montando a estratégia para conversar com os clientes, pois esse seguro acabou de ser lançado”, conta Leonardo Lourenço, diretor da empresa.

Tradicional player de seguro corporativo, a Fairfax Brasil decidiu disputar espaço no segmento de varejo, de onde virá boa parte de seu crescimento nos próximos anos, projeta Eduardo Pitombeira, head de varejo e plataforma digital da companhia. Para tanto, começou a oferecer apólices a equipamentos de alto valor e com grande exposição a riscos: o produto para bicicleta, cuja cobertura pode chegar a R$ 120 mil, já está disponível, enquanto a comercialização de seguro para equipamentos de energia solar, outro mercado considerado promissor, terá início no quarto trimestre.

Os dois produtos poderão ser adquiridos pela plataforma digital da Fairfax. Na avaliação de Pitombeira, o segmento premium concentrará a demanda por seguros de bicicleta nos próximos anos. A expectativa da empresa é deter uma fatia de 30% desse mercado até 2025. De acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), a frota nacional de bicicletas supera 70 milhões de unidades. No ano passado, foram produzidas 599.044 bicicletas no Polo Industrial de Manaus. No período de janeiro a abril de 2023, a produção foi de 74.365 unidades.

De acordo com David Beatham, diretor-executivo de automóvel, massificados e vida da Allianz Seguros, a consolidação do modelo híbrido de trabalho contribuiu para aquecer a demanda por seguros. Os resultados apareceram no balanço da companhia: no primeiro trimestre de 2023, registrou alta de 20,4% da carteira em comparação aos três primeiros meses do exercício passado. O desempenho ficou acima do mercado, que cresceu 15,5% no período, diz o executivo, citando dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep).

A Allianz Seguros tem no seu portfólio opções que contemplam as principais coberturas, como incêndio, danos elétricos e vendaval. Em outros produtos implementou mais de 40 serviços adicionais. “Fizemos diversas melhorias que agregam valor aos nossos clientes”, enfatiza Beatham. Como novidades, destaca o lançamento de coberturas para equipamentos eletrônicos e a inclusão da cobertura de roubo de bens.

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