Compaixão e processo econômico na advocacia securitária
14.07.2022 - Fonte: Seguro Gaúcho
O escritório Agrifoglio Vianna realizou uma live em seu perfil no Instagram na tarde de terça-feira, 12 de julho, sobre o tema compaixão e empatia no ambiente de trabalho. A atividade virtual foi conduzida pelo advogado Lúcio Rocca Bragança.
Lúcio iniciou sua explanação baseada em leituras sobre ambientes de trabalho estressores, como hospitais e presídios, em que existe tensão constante nas relações humanas gerando com frequência o esgotamento nervoso. “Muitas vezes a sensação de exaustão física e mental tem relação com a empatia, já que os trabalhadores de locais onde existe grande sofrimento se colocam no lugar das pessoas que sofrem e isso pode causar, depois de algum tempo, o colapso nervoso”, explicou o advogado.
De acordo com Lúcio, nesses casos específicos a empatia pode fazer com que alguém suporte além de sua própria carga emocional e passe a sofrer pelos problemas de terceiros. Entretanto, para esse tipo de situação existe uma solução: a compaixão - um sentimento de compreensão do estado emocional de outra pessoa. “Temos compaixão quando identificamos características negativas em outra pessoa, mas percebemos que ela não representa a negatividade que está manifestando e irá superar isso. Nesse tipo de caso, não reduzimos a pessoa ao fato que está gerando sofrimento em determinado momento”.
Ao fazer reflexões sobre o tema da live, o advogado observou que a compaixão e o amor encontram certa restrição em ambientes corporativos em que são priorizados eficácia, eficiência e resultados econômicos, e que a economia é propagada como um processo de produção de riqueza centrado na competitividade e na adaptação do mais forte que suplanta os considerados mais fracos. “Embora muitas vezes possamos pensar ter uma mentalidade que privilegie resultados e não tolere vulnerabilidades e fraquezas, isso não é uma verdade absoluta. No mundo vivem cerca de 80 milhões de seres humanos cegos, que são auxiliados em sua sobrevivência diária por pessoas, pois existe uma rede invisível de compaixão que aparece pouco na mídia”.
Ao citar o exemplo de quem não consegue enxergar, Lúcio fez uma comparação com o ser humano em seus primeiros anos de vida: “nenhum de nós estaria vivendo esse momento se não tivéssemos contado com cuidado de pessoas que não receberam nada em troca, simplesmente agiram pelo carinho de nossos pais ou de alguém próximo que cuidou da gente durante nossa infância, quando não tínhamos como remunerar essas pessoas”.
Quando relacionou o tema abordado com sua atividade profissional, Lúcio relembrou que já foi questionado quanto ao fato de cumprir um papel social, já que ele advoga para companhias seguradoras: “já ouvi pessoas dizerem que em minha atividade trabalhamos para empresas poderosas em detrimento de segurador vulneráveis”.
Neste ponto específico, o advogado explicou que é preciso compreender a natureza do seguro. Diante de um risco que acomete a todos existe a cotização, em que cada um participa de uma parcela do risco através do mutualismo. “Por isso que o seguro é a técnica da solidariedade, já que todos participam de um pagamento a título de prêmio para auxiliar aquele que sofreu o sinistro. Nessa circunstância o papel do advogado é proteger essa coletividade para que não aconteçam pagamentos indevidos e fraudes e que ocorra a justiça”, explicou.
Lúcio Bragança concluiu sua explanação argumentando que o grande desafio consiste em conciliar a produção de riqueza com a existência de compaixão.