Com a crise, cresce busca pelo seguro educacional
28.11.2016 - Fonte: O Globo
Ao ser demitida em agosto, uma das principais preocupações da estudante de Administração Karine dos Santos Alves, de 27 anos, foi o que faria para não interromper o curso. Ela já tinha abandonado a faculdade por problemas pessoais quando tinha 20 anos e não queria o mesmo destino. — Fiquei muito triste quando me demitiram depois de oito anos. Minha primeira preocupação era como faria para manter a faculdade. Sabia que meu marido poderia manter a casa até eu encontrar outro emprego, mas meu estudo ficaria em risco. Acabei descobrindo, por acaso, que tinha direito a um seguro pela universidade para bancar seis meses de mensalidade — disse a estudante, que cursa o segundo período no campus Norte Shopping da Estácio de Sá. O aumento do desemprego, a recessão e o receio de inadimplência por parte das instituições de ensino têm aumentado a procura pelo seguro. Dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi) mostram que os prêmios (receita) de seguros educacionais chegaram a R$ 34,35 milhões no período de janeiro a setembro de 2016, um salto de 76,7% em relação a igual período do ano passado. — A demanda por informações mais que dobrou. Temos percebido uma preocupação grande das escolas por causa do aumento do desemprego, como forma de reduzir a inadimplência — afirma Jaqueline Reis, gerente de seguro de vida do grupo segurador Banco do Brasil e Mapfre. O mesmo aumento da procura foi percebido pela Tokio Marine, segundo a diretora de Pessoas da seguradora, Nancy Rodrigues. Em sua avaliação, o momento econômico e o aumento do desemprego ajudam a explicar este movimento. CONTINUIDADE DOS ESTUDOS O seguro educacional é geralmente feito pelas próprias instituições de ensino — seja universidades ou escolas —, que fecham contratos com as seguradoras para todos os seus alunos. Assim, a proteção já está incluída no contrato estudantil, como um plano único. A contratação de seguro individual é possível, mas nem todas as empresas oferecem o produto. Uma das vantagens é a garantia da continuidade dos estudos no caso de crise na família, segundo o vice-presidente da Federação Nacional dos Corretores de Seguros (Fenacor), Robert Bittar: — A educação é um custo importante no orçamento das famílias e o seguro é um instrumento barato que permite a continuidade dos estudos no caso de uma crise. Foi o que ocorreu na família de Fabio Silva, de 43 anos, que perdeu o emprego este ano como analista de sistemas, após 26 anos na mesma empresa. Graças ao seguro, seis mensalidades dos filhos Vinicius, de 11 anos, e Bianca, 6, foram pagas.