César Saut, vice-presidente da Icatu, acredita que mercado de seguros deve focar em distribuição e em propósito
09.05.2022 - Fonte: CQCS
Para atrair novos clientes e até mesmo atender as demandas dos atuais, as seguradoras devem focar em dois pontos fundamentais: processos e propósito. “Acredito muito menos em produto para crescimento e acredito muito mais em processos, pessoas e embalagem. A gente tem o produto como consequência do propósito e o propósito do que a gente tá fazendo tem que se comunicar com pessoas, com processos”, afirmou o vice-presidente da Icatu, César Saut, durante o South Summit.
Saut usou como exemplo a seguradora do Banrisul (o banco do Rio Grande do Sul), que teve faturamento de R$ 2 bilhões no ano anterior, ficando entre as principais seguradoras do país, embora seja uma empresa regional. Segundo ele, entender as necessidades dos clientes e se comunicar de forma assertiva com seu público é fundamental. “As insurtechs chegaram para somar às empresas já tradicionais de seguros e comercialização de produtos, trazendo um componente importante para nós que é o propósito do produto o seguro, que já tem o componente ESG, de proteger. O que falta no Brasil é ajudar no desenvolvimento e conhecimento das pessoas neste sentido”, corroborou o diretor de inovação da IRB, Lucas Mello. Para o fundador e CEO da LL Loyalty, Elinton Bobrik, o mercado tem aprendido novas formas de se relacionar. “O seguro é fundamental, traz confiança pra você se relacionar, desenvolver uma relação com muito mais confiança. Por isso que esse mercado está em todos os mercados”, afirmou Bobrik.
Porém, Saut acredita que o mercado brasileiro não é focado em distribuição. “Se pegarmos o prêmio de seguros distribuído no mundo, vamos ver os EUA com 5% da população mundial tendo um terço do mercado. A américa latina tem 9% da população mundial e 3% do prêmio de seguros emitido no mundo”, apontou. Mello destaca que embora este seja um mercado bastante regulado, o que se vê no Brasil, é “o regulador incentivando e apostando bastante nos novos entrantes, nas insurtechs, nas startups de seguros e até nas empresas que querem desenvolver o negócio de seguros de forma mais abrangente.” O que poderia ser o fim de um mercado tradicional, no entanto, na verdade é a abertura de inúmeras possibilidades de crescimento na forma de parcerias. “Vejo o mercado segurador igualzinho ao que eu vi em 2010 no mercado de pagamentos. Todos os bancos tradicionais continuam firmes, graças a deus, mas abriu espaço para outros. É o que eu vejo que vai acontecer nessa indústria, que contém inúmeros unicórnios, o que é excelente. Nem por isso vai deixar de crescer, muito pelo contrário: essas empresas têm que trabalhar junto com as grandes para fomentar isso”, ressaltou Bobrik.
Para melhorar a questão da distribuição é preciso atentar para o modo como as coisas foram feitas até agora e ver o que pode ser melhorado. “Não interessa se somos nós, seguradora, resseguradora, o corretor, não interessa quem é, a gente tem que desaprender, reaprender e entender que o que foi feito até agora não foi suficiente. Tem muita oportunidade de mercado, então é importante que vocês, novos empresários, olhem para este mercado, se juntem com empresas de seguros ou resseguros”, concluiu Saut. O evento acontece em Porto Alegre (RS), entre os dias 4 e 6 de maio. O South Summit é um encontro global entre startups, empresas e investidores e acontece pela primeira vez no Brasil.