Brasil tem o terceiro maior custo médico-hospitalar do mundo
21.08.2017 - Fonte: Revista Cobertura
Inflação médica brasileira deste ano será de aproximadamente 17,1%, superando mais de 4 vezes a inflação da economia. O índice situa o Brasil entre as nações com o maior custo médico-hospitalar.
Envelhecimento populacional, estilo de vida nos grandes centros urbanos, doenças crônicas e cardiovasculares, utilização de novas tecnologias, impacto cambial, ambiente regulatório imprevisível e instabilidade econômica estão entre os principais fatores que influenciam no alto custo da saúde
O crescimento da inflação médica acima da inflação oficial é um fenômeno mundial e alguns países lideram o ranking dos custos médico-hospitalares. Este ano, a inflação médica no mundo deverá ser de 9,7%, superando dois dígitos a inflação econômica mundial de 3,6%, de acordo com levantamento da consultoria Mercer Marsh Benefícios.
Quando se compara com o índice mundial, o Brasil terá o terceiro maior custo médico-hospitalar. Este ano, os custos da saúde no país deverá ser de 17,1%, de acordo com levantamento da consultoria que foi realizado em 48 países e ouviu 220 seguradoras de planos de saúde na América Latina, América do Norte, Europa, Ásia, Pacífico e Oriente Médio.
“Historicamente, o custo médico-hospitalar está sempre acima da inflação oficial de preços de alguns países. No Brasil, chega a ser até mais de quatro vezes superior que o IPCA de 3,45% projetado para 2017, e 4,20% estimado para 2018 (Boletim Focus – 07/08/2017)”, analisa Renato Cassinelli, diretor da Mercer Marsh Benefícios para América Latina e Caribe.
A consultoria analisou também os custos médico-hospitalares brasileiros em relação ao IPCA nos anos de 2016 e 2015. Em 2016, a inflação médica foi de 18,6%, enquanto a inflação oficial ficou em 8,7%. Em 2015, os custos médico-hospitalares foram de 17,0% e o IPCA foi de 7,8%.
“O avanço do custo médico-hospitalar acima da inflação oficial é uma preocupação mundial. E embora seja uma tendência mundial, o descolamento é ainda maior quando analisamos Brasil. As taxas crescem expressivamente acima da inflação geral de preços. Chega a ser mais de quatro vezes superior”, observa o consultor.
Ainda analisando o ranking mundial, outras nações também lideram o ranking da inflação médica. Egito, por exemplo, terá um índice de 37,3% este ano; Argentina, 32,2%; Qatar, 16,2%; Índia e Bahrein, 14,0%.
Mesmo economias mais maduras, como Canadá, por exemplo, também se observa esta tendência de inflação médica acima do índice inflacionário do país (custo médico-hospitalar de 11% contra 2% da inflação de preços).
“Alguns fatores como hábitos e estilo de vida nos grandes centros urbanos, mais incidências de doenças crônicas e cardiovasculares, investimentos em novas tecnologias, equipamentos, insumos hospitalares e medicamentos importados contribuem para o aumento dos custos acima da inflação econômica, o que chamamos de inflação médica”, afirma.
América Latina
No caso do Brasil ainda há o impacto da pouca flexibilidade dos planos em função de regulamentação, além do efeito da insegurança econômica e consequentemente a super utilização dos planos. Em comparação com outros países da América Latina, o Brasil tem a segunda maior alta dos custos médicos (17,1%) prevista para este ano, ficando atrás apenas da Argentina, que lidera o ranking com um índice de 32,2% em 2017.
O terceiro país da região com maior custo médico-hospitalar em 2017 é a Colômbia, com 11,0%, contra uma inflação oficial de 5,2%.
Em quarta posição é o México, com 12,1% (inflação oficial de 4,9%). E em quinto lugar no ranking, o Chile com 11,7%, contra uma inflação oficial de 2,7%.
Impactos nos planos de saúde coletivos (para trabalhadores)
Na América Latina, o custo com planos de saúde já representa o segundo maior custo na folha de pagamento das empresas, tendo em vista os reajustes dos planos, que superam até o aumento da massa salarial. O alto índice de utilização dos planos de saúde, preços pagos por consultas, exames, atendimento ambulatorial, também são fatores que impactam nos custos da assistência médica.
Segundo Cassinelli, pouco a pouco as empresas estão repensando seu modelo de gestão dos custos médicos, a qualidade da informação tem sido cada vez mais valorizada pelas empresas, já que com elas podem investir em planos de programas de mitigação de riscos com impactos importantes de custos.
“As empresas estão vendo que estes são investimentos considerados baixos em relação aos resultados alcançados no médio a longo prazo. As organizações também estão em busca de provedores com alta capacidade de conhecimento local e mundial, que têm acesso a um grande volume de informações e indicadores (big data), integrado a plataformas de business intelligence para auxiliá-las com modelos eficientes de gestão de benefícios”, enfatiza o diretor da Mercer Marsh Benefícios para América Latina e Caribe.