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A presença feminina está transformando o setor de seguros com liderança e inovação

17.01.2024 - Fonte: Insurtalks

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Segundo o estudo Panorama Mulheres 2023, do Talenses Group com o Insper, a presença de mulheres em cargos de presidência e liderança aumentou 5% de 2019 a 2022, passando de 13% a 17% dos CEOs no Brasil. Embora seja uma boa notícia, ainda indica um percentual baixo. Diniz, pesquisadora do Insper, comemora o avanço, mas pontua a questão étnico-racial: “Nossa intuição inicial era de que talvez a gente tivesse andado para trás, então esse avanço é um motivo para comemorar. Mas, se avançamos, não avançamos da mesma forma para todas as mulheres.”

Cenário no ramo segurador

Apesar de as mulheres representarem a maior parte da população brasileira, ainda ocupam menos espaço no cenário executivo. Conforme o levantamento da Escola de Negócios e Seguros (ENS), a presença das mulheres nas seguradoras corresponde a 57% dos cargos de menor qualificação e 31% dos cargos executivos. A diretora de ensino técnico da ENS também aponta que a pauta de gêneros não é a única que merece atenção no que se refere a diversidade e inclusão no setor de seguros, e acrescenta: “O que constatamos neste estudo é que um maior número de empresas tem trabalhado ativamente para incentivar mais mulheres nos cargos executivos, e elas estão chegando lá. Sabemos que não é, nem nunca foi, uma questão de competência”. Já o Panorama Mulheres 2023 indicou que a atividade de liderança feminina se encontra na maior parte em empresas de pequeno porte, capital fechado e no setor de serviços.

Desigualdade salarial baseada em gênero no mundo corporativo

Apesar do aumento do número de mulheres líderes, a desigualdade em comparação aos homens ainda assola diversos setores. Além da baixa ocupação de mulheres em cargos de liderança, se comparado com os homens, a oferta salarial para a população feminina também é menor do que para a masculina. Com base no Pew Research Center: “As disparidades salariais entre homens e mulheres – a diferença entre os rendimentos de homens e mulheres – praticamente não diminuíram nos Estados Unidos nas últimas duas décadas. Em 2022, as mulheres americanas normalmente ganhavam 82 centavos para cada dólar ganho pelos homens. Isso foi quase o mesmo que em 2002, quando ganharam 80 centavos por dólar.” Ainda segundo a pesquisa da ENS, foi possível perceber a manutenção da desigualdade salarial nos cargos de liderança no Brasil. “Em 2015, o salário médio no setor era de R$5,4 mil para homens e R$3,9 mil para mulheres. Em 2018, os valores subiram para R$6,3 mil e R$4,5 mil, respectivamente. Em 2021, os homens ganhavam R$8,3 mil por mês e as mulheres, R$5,8 mil” – alegou o estudo.

“As nossas entregas falam muito mais do que o nosso gênero”

Os resultados do trabalho das mulheres nas empresas podem sinalizar progressos efetivos. Embora o contexto sócio-histórico seja desfavorável para as mulheres, a atividade feminina não fica atrás quando se analisa o desempenho. Em um episódio do SeguroPod, bate-papo do Canal CNseg, Angela Assis, Diretora-presidente da Brasilprev, narrou, junto a outras líderes do âmbito corporativo, experiências e conquistas que impulsionaram suas carreiras frente a um segmento ocupado majoritariamente por homens. Assis refletiu: “As nossas entregas falam muito mais do que o nosso gênero. Se somos mulheres ou se somos homens, isso não é relevante. De fato, dentro da nossa carreira profissional, são as nossas entregas que justificam a nossa ascensão.”

Conquistas femininas em insurtechs

No Brasil, a insurtech IZA, que oferece soluções de seguros para pessoas autônomas e empresas, recebeu R$460 mil de investimento da Sororitê, grupo de investidoras-anjo que apoia startups lideradas ou fundadas somente por mulheres. A empresa nasceu a partir de um grupo no WhatsApp e atualmente possui uma rede de mais de 120 investidoras-anjo de diversas áreas para investir em startups. Flávia Mello, Erica Fridman e Jaana Goeggel já ultrapassaram a quantia de R$5 milhões em investimentos em negócios desenvolvidos e liderados por mulheres. Esse feito só comprova ainda mais a capacidade e a potência da habilidade feminina, e que, apoiando o trabalho umas das outras, podem adquirir resultados ainda maiores.

Potencial das mulheres é estampado nos cinemas

Não tão distante da visão comentada por Angela Assis, a produção cinematográfica “Estrelas Além do Tempo”, baseada em fatos reais, faz jus ao quadro narrado pela executiva dentro de um contexto do século passado. O filme retrata a história de três mulheres afro-americanas que trabalharam na NASA durante a corrida espacial dos Estados Unidos, e destaca a contribuição significativa e, muitas vezes, negligenciada das mulheres (em particular, na ciência e tecnologia). Assim como as protagonistas do filme desafiaram estereótipos de gênero e raça para desempenhar papéis na NASA, as mulheres no setor de seguros também têm o potencial de contribuir trazendo uma diversidade de perspectivas e habilidades, que são essenciais para enfrentar os desafios em constante evolução da indústria. Do mesmo modo que as personagens do filme superaram barreiras para contribuir para a ciência, as mulheres colocadas em posição de chefia podem superar barreiras para impulsionar inovações, criar produtos e promover práticas comerciais específicas. “Estrelas Além do Tempo” também demonstra a importância do apoio mútuo entre as mulheres, o que reflete o papel da Sororitê, por exemplo, com o investimento em profissionais femininas na promoção de lideranças e na criação de um ambiente corporativo mais inclusivo. Portanto, a produção artística cinematográfica apenas ilustra uma realidade de atraso quanto ao reconhecimento da figura feminina, especialmente na área científica, e no trabalho qualitativo que as mulheres podem desenvolver.

Líderes que impulsionaram o mercado

A seguradora IZA, mencionada acima, tem como Co-Founder, Amanda Nespatti, que opera na elaboração de estratégias de marketing que aceleraram fortemente o crescimento da seguradora, que com somente 2 anos em ativa obteve 250 mil segurados por CPF. Além de Nespatti, diversas outras mulheres mostraram relevância em seus cargos: a CEO e Cofundadora da Pipo Saúde, Manoella Mitchell, que alcançou R$100 milhões, o valor mais alto em investimento em uma startup no Brasil; Denise Lima de Oliveira, CEO e fundadora da Fitinsur, primeira insurtech brasileira especializada em desenvolver serviços de gestão e vendas em seguros através de tecnologias; Dolores Egusquiza, Co-founder & CMO da Klimber, insurtech argentina responsável pelo primeiro seguro de vida digital da América Latina; Paola Neira, fundadora da Latú Seguros, insurtech focada em seguros empresariais D&O e Cyber que permite uma nova forma de compreender o risco para proteger as empresas e suas lideranças contra sinistros e ataques cibernéticos; Michele Brito, Diretora de Seguros no Mercado Livre, startup que já existe há 24 anos e se mantém desenvolvendo um ecossistema inovador de soluções integradas. Essas são apenas algumas das inúmeras mulheres que estão fazendo um trabalho com excelência e alavancando cada vez mais o setor, promovendo avanços no campo da tecnologia e da inovação.

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