Setor de seguros cresce 111,76% em dez anos puxado pelo segmento ‘Vida’
17.07.2017 - Fonte: DCI
O aumento de renda da população na última década e a maior “cultura de proteção” na região impulsionou alta significativa de aportes em companhias de previdência privada de 2006 a 2016 O mercado de seguros e previdência na América Latina cresceu 111,76% entre 2006 e 2016, com destaque para empresas brasileiras. O volume de prêmios na região, há dez anos, era de US$ 68,5 milhões, e atingiu US$ 145 milhões, puxado pelo segmento Vida. O levantamento foi feito pela Mapfre, ao avaliar um ranking sobre companhias de seguro e previdência da América Latina. Principal responsável pela alta, o item Vida – que engloba o Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL), o seguro de vida, acidentes pessoais, e outros tipos de planos de contribuição previdenciária – , teve em 2006 cerca de US$ 24,7 bilhões em prêmios, e uma década depois, esses aportes chegaram a US$ 66,4 bilhões. Nesses dez anos, a alta foi de 168,74% no segmento. De acordo com o diretor de Planejamento e Controle da Brasilprev, Nelson Katz, a redução da taxa de natalidade e o aumento da longevidade das pessoas tanto no Brasil, quanto na América Latina, têm sido os principais fatores para o aumento desses números ao longo do tempo. ‘As pessoas começam a ter algumas necessidades bem acentuadas ultimamente, principalmente de se proteger e de buscar uma renda futura. E é isso o que queremos criar, uma cultura de poupança. O mercado já está crescendo há um bom tempo, temos três milhões de brasileiros com planos previdenciários, o que pode ser considerado pouco’, explica o diretor da empresa, a qual liderou o ranking da Mapfre, seguida de Bradesco Seguros e Itaú. Conforme a pesquisa, a Brasilprev saiu de US$ 524 milhões em prêmios no segmento Vida, em 2006, e foi para quase US$ 13 bilhões até final de 2016. Segundo a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), a arrecadação em VGBL pela empresa, no ano passado, foi de R$ 44,6 bilhões, enquanto a reserva para o produto ficou em R$ 156,8 bilhões. A evolução nesses indicadores foi de 30% e 39,5%, respectivamente. O aumento na adesão de previdências e seguros de vida por parte dos brasileiros nos últimos dez anos pode ser resultado do aumento de renda da população e também de uma maior conscientização sobre a proteção financeira, apontam os especialistas entrevistados pelo DCI. ‘Isso pode significar uma consciência a mais do povo brasileiro em ter uma poupança maior e querer ditar o ritmo de sua vida e de seu futuro. Nos últimos dez anos, a renda das pessoas subiu, e com isso vieram conquistas, como o primeiro automóvel, o primeiro imóvel. Uma vez satisfazendo as necessidades básicas, a pessoa busca algumas dessas aspirações. Além disso, o País teve uma inflação controlada’, analisa o corretor de seguros e segundo tesoureiro do Sindicato dos Corretores de Seguros (Sincor), Carlos Cunha. Ainda de acordo com o corretor a previdência pode conjugar tanto um seguro como um investimento para o consumidor. ‘Com a previdência privada eu posso unir esses dois itens porque, além de ser um seguro contra infortúnios, há aquelas que até permitem a retirada do seu dinheiro em certo prazo’, avalia. Também segundo os especialistas ouvidos pela reportagem, a reforma da Previdência Social no Brasil deve influir mais ainda nesses indicadores. ‘A reforma da previdência pode aumentar o número de planos, e, para isso, também precisamos emitir um produto mais simples, a ampliar a cobertura. Apenas quatro de cada cem brasileiros separam seus recursos para aposentadoria’, aponta Nelson Katz. Segmento ‘Não Vida’ Apesar de liderarem dentro do item Vida, as empresas brasileiras de seguro e previdência perdem espaço no segmento Não Vida: em primeiro lugar figura a própria Mapfre (de origem espanhola). O prêmio da empresa no segmento foi de US$ 78,7 milhões em 2016, aumento de quase US$ 35 milhões em relação há dez anos. ‘A cultura de seguros Não Vida no Brasil ainda é um pouco pobre. Temos algo expressivo com os seguros de automóveis, por exemplo, mas ainda deixamos de lado outros itens também importantes, como os residenciais’, complementa o corretor Carlos Cunha.