Seguro Educacional tranquiliza universitários em tempos de crise
19.04.2017 - Fonte: <a href="http://g1.globo.com/"?utm_source=materia&utm_medium=fonte&utm_campaign=cqcs" target="_blank">G1</a>
Sergipanos dizem que apólice ajudou a mantê-los na faculdade. Setor movimentou R$ 44 milhões no Brasil em 2016,diz FenaPrevi. Crise financeira, recesso econômico e o aumento da inadimplência são alguns dos fatores que no ano passado ajudaram ao setor de Seguro Educacional brasileiro a registrar alta de 81%, entre janeiro e novembro, comparado ao ano de 2015, segundo a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), arrecadando R$ 44 milhões em prêmios. Em Sergipe, o Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de Sergipe (Sincor/SE) está bastante otimista com o seguimento, que em 2016 teve crescimento semelhante ao dado nacianal. “Esperamos que continue apresentando números bastante positivos, com a adesão de mais estabelecimentos de ensino”, explica o presidente do Sincor/SE, Érico Melo. A Escola Nacional de Seguros aponta que no Brasil cerca de 4,5 milhões de universitários estão enquadrados neste tipo de serviço. Gente como a estudante de Direito da Estácio Sergipe, Patrícia Santos Xavier, que está no sétimo período do curso e por pouco não largou os estudos. Há seis meses, a ex-atendente de telemarketing ficou desempregada onde recebia um salário mínimo, com o qual pagava as mensalidades do curso. Graças à rescisão contratual e ao seguro desemprego, Patrícia conseguiu juntar dinheiro para continuar pagando as mensalidades até o mês de abril, no valor de R$ 650,00 cada, já que tinha 40% de desconto fornecidos pela instituição. O problema é que o dinheiro já estava acabando e mais uma vez ela correu o risco de ter que abandonar os estudos. O alívio veio com a informação passada por uma prima, que sabia do benefício que ela tinha direito. “Já estava sem saber o que fazer e só solicitei o seguro educacional depois de cinco meses sem trabalhar. Não lembrava que tinha direito a isso. Dei entrada e agora em abril, após 30 dias, comecei a desfrutar do serviço, justamente quando minha reserva financeira já estava secando. Mas está sendo ótimo e o dinheiro que sobrou vou guardar para pagar as mensalidades do próximo período”, planeja Patrícia. O sonho do ex-encarregado de produção de uma transportadora, Edmilson Ketchully Rodrigues em se formar em logística, também não foi interrompido graças a mesma situação. Bolsista do Programa Educa Mais Brasil, ele paga R$ 219,00 pela mensalidade da graduação que tem apenas quatro períodos. Parece pouco, mas para quem ficou desempregado no meio de uma crise financeira, o valor iria sacrificar a vida do sergipano. “Para mim este seguro significou muito porque se eu trancasse a faculdade não tinha previsão de retornar. Só desse jeito pude dar continuidade ao sonho de ter minha formação superior”, desabafa, completando que o benefício se estendeu de setembro a fevereiro. Ainda desempregado, Edmilson está na metade do terceiro período e pela frente a última etapa da graduação. Como já usou o benefício no prazo limite de seis meses, e está dentro da carência, não pode pedir uma nova ajuda. “Agora vou me virando como posso e conto com a ajuda da minha família, no caso da minha mãe”, explica. Edmilson e Patrícia só puderam usar o seguro educacional porque em janeiro de 2014 a faculdade resolveu inserir a apólice nos contratos, com a contratação de uma seguradora. Com isso, todos os alunos dos cursos de graduação tradicional e tecnológica das modalidades presencial, semipresencial e à distância, desde que tenham o cadastro atualizado com a instituição educacional, podem solicitar o benefício de seis vezes a mensalidade competente ao mês do sinistro. No caso da Estácio de Sergipe, entre as cláusulas contratuais, os alunos que têm 100% do curso financiado pelo Fundo Financeiro Estudantil (Fies), Prouni, Credito Universitário (Pravaler), que sejam funcionários da faculdade, além de bolsista 100% não podem receber o benefício. Em Aracaju (SE), o Seguro Educacional está presentes em outras universidades. Na que estuda o autônomo Moisés dos Santos Júnior, que está no terceiro período do curso de “Tecnologia em Radiologia” foi em fevereiro de 2016. No ano passado, ele perdeu o emprego de quatro anos como operador de caixa e pela frente tinha cinco períodos da graduação. “No segundo mês, do segundo período do curso, fiquei desempregado. Aí como tinha a apólice procurei o setor responsável na universidade e assim que encaminhei a solicitação, com os documentos necessários, em menos de 15 já passei a desfrutar do benefício”, conta o estudante. O seguro educacional garantiu os estudos durante os cinco meses que restavam para concluir o período do estudante, que hoje trabalha como autônomo vendendo roupas. “Quando fiquei desempregado não pensei em largar o curso, mas certamente não teria condição de continuar estudando. O seguro ajudou a prolongar meus estudos”, observa Moisés Santos. Com a universitária Giselle Henrique, que está no sétimo período de Farmácia, foi o marido dela, responsável pelo pagamento da mensalidade do curso, que ficou desempregado. Era ele quem pagava a metade de R$ 1.040,00, já que 50% é financiado pelo Fies. “O seguro cobriu desde o dia do sinistro até o final do período. Usei quatro meses que restavam. O salário que recebo é muito pouco para bancar a mensalidade. Se dependesse desse dinheiro teria interrompido o curso”, explica. Para Giselle Henrique, o seguro foi a melhor saída para superar o problema, já que o marido dela vive uma instabilidade financeira. “Ele trabalha como contratado em uma empresa que tem prazo para acabar. Quando soube que a universidade dava o seguro para os alunos, fiquei bastante interessada e foi o que me ajudou a continuar”, relata a universitária. Via dupla Da mesma forma que o seguro educacional chega como uma garantia da permanência do aluno no semente, é também uma segurança para a instituição que tem a certeza de receber e de não ficar com o aluno inadimplente. O Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de Sergipe (Sincor/SE) explica que o seguro educacional pode ser contratado individualmente, porém o mais comum é ser feito através do estabelecimento de ensino. “Eles sabem da importância de ter o seguro educacional como forma de garantir receita e possibilitar que os alunos continuem podendo estudar”, conta. “As instituições de ensino estão se protegendo em relação ao grau de inadimplência que vem crescendo, mesmo porque a gente sabe que o indevidamente está diminuindo, mas a inadimplência aumentando. O que isso significa? As pessoas estão comprando menos porque não têm dinheiro para pagar, mas em compensação elas não conseguem pagar o que estava devendo, então, naturalmente acaba ficando inadimplente”, explica o analista financeiro Rubens Dias. Para desfrutarem dos benefícios, a universidade estabeleceu critérios como a necessidade do aluno estar matriculado e com as mensalidades em dia, quando ocorrer o sinistro; se o estudante não é o responsável pelo seguro, é preciso apresentar comprovação do responsável financeiro. Seguro Individual ou coletivo? Para o analista financeiro Rubens Dias, nos casos de quando a instituição não disponibiliza a apólice, vale a pena o estudante contratar o serviço individualmente, já que o valor investido é baixo e pode variar entre 1% e 4%. No caso das unidades de ensino que disponibilizam o seguro, o custo já vem diluído na mensalidade. “O contrato também pode ser fechado com a instituição de ensino de forma individual, mas é interessante saber se ela faz este tipo de contrato, no caso da faculdade não querer fazer coletivo. Quando ela faz de forma coletiva sai mais em conta para ambos os lados. Estamos em um cenário econômico, político, financeiro e governamental fragilizado, então, o seguro é o melhor caminho para proteção das partes”, observa o analista. A cobertura básica, geralmente dá direto ao pagamento das mensalidades escolares até o final do curso em caso de morte e de invalidez do aluno ou responsável financeiro pelo aluno. Porém, ainda há a possibilidade do cliente ter benefícios adicionais e neste caso, o aluno e a instituição precisam deixar claro no contrato. De acordo com a Escola Nacional de Seguros, “De acordo com o perfil do cliente, há benefícios adicionais. O seguro educacional cobre desde a assistência emergencial ao aluno em caso de acidentes e imprevistos até o transporte para tratamentos fisioterápicos e comparecimento às aulas. A apólice pode incluir carteirinha escolar opcional, com a identificação do aluno e telefones para atendimentos 24 horas, e prever auxílio na recolocação profissional. Há opções ainda de auxílio para despesas com funeral do aluno ou responsável”.