MPF suspeita que empresa aérea que caiu com time da Chapecoense pertence a outros donos
17.11.2017 - Fonte: Revista Cobertura
Sobreviventes da Chapecoense contam experiência oito meses após o acidente. Tragédia matou 71 pessoas em 29 de novembro de 2016. Procuradores Ministério Público Federal em Santa Catarina (MPF-SC) encontraram indícios de que a LaMia, companhia aérea responsável pelo acidente da Chapecoense no ano passado, não pertence oficialmente aos donos que constam do papel. Esta descoberta pode mudar o cenário da batalha pelo pagamento de indenizações às vítimas do acidente. As informações são do G1. No desastre, que ocorreu na madrugada do dia 29 de novembro do ano passado, 71 pessoas foram mortas e outras seis ficaram feridas, quando o avião caiu perto do aeroporto de Medellín. O relatório preliminar, que foi divulgado pelas autoridades colombianas, apontou que a aeronave estava sem combustível. O relatório final deve ser divulgado nos próximos dias. No papel, a LaMia pertence ao piloto Miguel Quiroga, que faleceu no acidente, e a Marco Antonio Rocha, que está foragido. Contudo, os procuradores do MPF-SC encontraram documentos que apontam que a negociação do fretamento da aeronave com a Chapecoense teve a participação da venezuelana Loredana Albacete, filha do ex-senador venezuelano Ricardo Albacete, dono do avião, que é responsável por uma empresa que receberia os US$ 140 mil (R$ 459 mil) relativos ao deslocamento até Medellín. Ao jornal “El Confidencial”, logo após o acidente, Ricardo declarou ter apenas arrendado o avião para a LaMia boliviana. As descobertas denotam “a verossimilhança das suspeitas noticiadas pela imprensa, de que os verdadeiros proprietários dessa companhia aérea possam não ser os bolivianos que figuram em seus atos constitutivos”, apontou o Ministério Público Federal. A Procuradoria, entretanto, não vê relação desse episódio com o acidente. A relação entre os Albacete e a negociação do voo pode colocá-los como responsáveis solidários em eventual pedido de indenização na Justiça, segundo o advogado Eduardo Lemos Barbosa, que representa familiares de vítimas do acidente, e o engenheiro aeronáutico Shailon Ian. Indenizações Até o momento, nenhuma indenização foi paga – e tudo indica que que a batalha nos tribunais será longa. A Chape pagou um seguro obrigatório e o seguro feito em nome de atletas e funcionários, porém clube ainda deve ser acionado na Justiça por familiares de vítimas. De acordo com Josmeyr Oliveira, representante de familiares das vítimas, a indenização por parte da equipe catarinense chega aos R$ 1,3 bilhão, muito acima dos R$ 10,1 milhões de patrimônio do clube. A seguradora da LaMia, a boliviana Bisa, se recusou a pagar o seguro de US$ 25 milhões. O principal motivo alegado foi entender que o piloto, e dono da empresa, deliberadamente voou sem combustível, colocando em risco a segurança da aeronave e dos passageiros. Porém, por razões humanitárias, a seguradora propôs-se a dar US$ 200 mil para cada família de passageiro, desde que aceitem desistir de processar pessoas ligadas à LaMia, mas até o momento o valor não foi aceito. Pagamento O contrato em que Loredana aparece é uma segunda versão apresentada ao MPF, enviada em julho de 2017. Na primeira versão, apenas a Chapecoense a LaMia aparecem como signatários. Não fica clara as adições de Loredana e do depósito ser feito em nome de empresa ligado e a ela. Somente a partir da análise dos e-mails de Decio Burtet, então diretor comercial da Chapecoense e que estava no voo, os detalhes da negociação foram descobertos pelo MPF. As mensagens foram fornecidas pela mulher de Burtet, aponta a investigação. Ao G1, a Chapecoense informou que só poderia responder às questões depois de entrar com as “ações previstas” na Justiça.