Medo de crime virtual aumenta demanda por seguro contra hackers
12.05.2017 - Fonte: Jornal Floripa
Para empresas e organizações, um ataque de hackers pode causar prejuízos financeiros, um vexame corporativo e processos judiciais. Para as seguradoras que estão se aventurando no admirável mundo novo dos seguros contra crimes cibernéticos, esse tipo de ataque é propaganda gratuita para algo que poderia ser uma oportunidade de US$ 10 bilhões. Ataques informáticos de alto perfil, como o realizado contra o Comitê Nacional Democrata e o que encheu o Twitter de suásticas, estão reforçando a necessidade de proteção contra ameaças cibernéticas, e empresas como a Allianz e a Beazley estão ansiosas para entrar no jogo. As seguradoras veem a cobertura contra hackers como um de seus mercados mais promissores e estimam que os prêmios triplicarão durante os próximos quatro anos. “Estamos otimistas porque esse pode se tornar o próximo grande sucesso da Allianz e do setor”, disse Hartmut Mai, diretor de subscrições para linhas corporativas do braço de seguros industriais da Allianz, em entrevista. “Seguros contra ataques cibernéticos são nossa principal área de crescimento no momento.” Um novo tipo de cobertura não poderia chegar em um momento melhor para as seguradoras, que enfrentam dificuldades para se expandir na maioria de seus mercados consolidados em meio ao crescimento econômico lento e baixa liquidação de sinistros de desastres que afetam os preços. A renda de seguradoras com prêmios estagnou na Europa no ano passado e projeta-se que ela crescerá 1,3 por cento no ano que vem, segundo a resseguradora Munich Re. A empresa estima que os prêmios da segurança virtual possam aumentar de cerca de US$ 3,4 bilhões atualmente para entre US$ 8,5 bilhões e US$ 10 bilhões por volta de 2020. “Os riscos cibernéticos viraram assunto de conversa nos conselhos nos últimos anos, após alguns ataques de hackers de alto perfil”, disse Paul Bantick, diretor de seguros cibernéticos da Beazley, em entrevista. “Não temos observado os grandes ataques contra varejistas como em 2015 nem os grandes ataques contra o setor de saúde que ocorreram em 2016. No entanto, a frequência de prejuízos menores ainda é alta.” Acontecimento global O escopo dos seguros contra ataques cibernéticos varia segundo o fornecedor. Normalmente, eles protegem contra roubo de dados e violações da segurança de redes e prejuízos associados, e as seguradoras limitam sua capacidade entre US$ 5 milhões e US$ 100 milhões por cliente. Uma preocupação é que um acontecimento cibernético global, como a propagação de um vírus devastador da Ásia para a Europa e os EUA ou o colapso de um provedor global de computação na nuvem, possa afetar muitas empresas cobertas por uma única seguradora. “Um furacão com uma probabilidade de ocorrência de uma vez a cada 25 anos poderia nos custar até US$ 150 milhões e cerca de US$ 30 bilhões ao setor inteiro”, disse Bronek Masojada, CEO da Hiscox, em entrevista. “Por causa da falta de antecedentes, a questão com os crimes cibernéticos é se um prejuízo de US$ 30 bilhões ocorre uma vez a cada 25 anos ou uma vez a cada 100 anos. A questão mais importante é se sobreviveremos a isso.”