Maioria no setor de seguros, mulheres recebem 72% dos salários dos homens
31.10.2016 - Fonte: Escola Nacional de Seguros
O salário médio das mulheres no setor de seguros corresponde a 72% dos ganhos obtidos pelos homens. Nas seguradoras, eles recebem salário médio de R$ 5.371, enquanto o delas gira em torno de R$ 3.858. Os números fazem parte do 2º Estudo Mulheres no Mercado de Seguros no Brasil, realizado pela Escola Nacional de Seguros, que teve os resultados divulgados no último dia 26, em evento na Unidade da Instituição em São Paulo (SP). As atividades foram conduzidas pelos coordenadores da pesquisa, Maria Helena Monteiro (diretora de Ensino Técnico da Escola) e Francisco Galiza (economista e consultor). Com o objetivo de mensurar a evolução da mulher no mercado de seguros, a primeira edição da pesquisa foi realizada em 2013 e teve grande repercussão. A boa receptividade pode ser vista pelo número de entrevistadas, que passou de 76 para 316 mulheres. O estudo completo traz dados sobre a condição feminina e o contexto econômico, cenário mundial e brasileiro, comportamento, produtos e números do mercado. O trabalho utilizou questionários e entrevistas, avaliações de indicadores sociais e econômicos, e comparações com outros setores. No ano 2000, a participação feminina em seguradoras era de 49% e, em 2015, subiu para 56%. Além da discrepância salarial, a pesquisa também evidenciou a diferença de cargos entre os gêneros. Apesar de serem maioria no mercado, as mulheres ocupam apenas 28% dos cargos executivos. Em nível de gerência, 61% são homens e 39% são mulheres. Nas seguradoras, os homens têm 3,5 vezes mais chances de ocupar um cargo executivo. Mulher escolhe profissões com menor risco De acordo com Maria Helena Monteiro, o trabalho apontou que a diferença entre os gêneros não é determinada pela maternidade e nem por questões de formação educacional. “Há até uma maior qualificação das mulheres, mas elas escolhem profissões menos arrojadas, com menos propensão ao risco”. No evento, a executiva destacou que a situação continua similar à do estudo anterior. Ela acredita que o cenário demonstra estagnação e pode estar chegando ao limite, porque as mulheres assumem responsabilidade desproporcional em atividades não remuneradas. Em média, elas dedicam diariamente, em trabalhos domésticos, de uma a três horas a mais do que os homens, e de duas a 10 vezes mais o tempo dedicado a crianças, idosos e doentes. Entre as entrevistadas, 85% concordam que é difícil conciliar trabalho e família. Quanto vale a igualdade de gêneros? Maria Helena acredita que uma mudança pode surgir com a nova geração de mulheres profissionais, que sente a influência das mães independentes. “As mulheres não precisam de políticas específicas de promoção, mas devem ocupar cargos por meritocracia e sem discriminação”, afirma. De acordo com o consultor Francisco Galiza, as mulheres são boas vendedoras de seguros, devido à capacidade de desenvolver relacionamentos de longo prazo. Outro dado importante revelado pelo estudo é que as mulheres são importantes consumidoras de seguros, porque compram proteção para si mesmas, maridos, filhos e pais. “Em 2013, os prêmios de seguros para mulheres foram de US$ 770 bilhões. Até 2030 esse valor deve dobrar. No Brasil, o potencial de crescimento nesse mercado é elevado”, explicou. Também presente ao evento, o presidente da Escola, Robert Bittar, acredita que a evolução da presença feminina no mercado de trabalho é intensa e aconteceu em curto prazo. “No setor de seguros lidamos com relações de confiança e sabemos que as mulheres humanizam as relações. Precisamos mostrar para a sociedade consumidora como o setor está tratando a questão da diversidade”. Seguradoras estimulam igualdade O encontro contou, ainda, com a participação de quatro executivas de seguradoras, que participaram de painel sobre as melhores práticas de incentivo às carreiras femininas. De acordo com a vice-presidente de Parcerias Comerciais na Prudential, Patrícia Freitas, a empresa registrou aumento de 32% de clientes mulheres no último ano. “Isso mostra que a mulher é a responsável pela família”. Patrícia também destacou que as mulheres se culpam por acharem difícil encontrar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. “Elas precisam entender que as responsabilidades com a família são dos homens e das mulheres”, disse. Atentas a esse cenário e buscando promover a igualdade de gêneros no setor, as seguradoras estão empreendendo ações que auxiliam o desenvolvimento das mulheres. Na AIG Brasil, a diversidade é questão fundamental para fortalecer a posição competitiva da empresa no mercado global. Segundo a diretora de Recursos Humanos da companhia, Nélia Soares, a companhia acredita que as diversas experiências e estilos dos funcionários são enriquecedores. “Queremos propiciar o networking e prover aprendizado para o desenvolvimento de talentos femininos”, explicou Nélia. A diretora de Recursos Humanos do Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre, Cynthia Betti, afirma que a empresa oferece condições para que as mulheres consigam alcançar suas metas, com ações que incentivam e apoiam o desenvolvimento das colaboradoras. “Ambientes diversificados são mais produtivos e, consequentemente, mais rentáveis”, destacou. Já na SulAmérica, a estratégia é manter todas as decisões de sucessão e de recrutamento em colegiados, minimizando a possibilidade de julgamentos pessoais. Segundo a diretora de RH e Sustentabilidade da companhia, Patrícia Coimbra, hoje a empresa mantém 20% de mulheres na diretoria e no comitê executivo, enquanto que, há cinco anos, a presença feminina nesses cargos era de apenas 5%. “O que importa para nós é o exemplo. Estamos mostrando na prática que as mulheres podem alcançar cargos altos na SulAmérica. Trabalhamos fortemente a identificação de talentos que empreguem a estratégia da companhia e, para isso, os processos de recrutamento e sucessão com diversidade são essenciais”. O 2º Estudo Mulheres no Mercado de Seguros no Brasil pode ser baixado gratuitamente no site da Escola Nacional de Seguros, no endereço www.funenseg.org.br/2estudomulheres.