Explosão de roubos de carros poderá aumentar seguros em até 20%
06.02.2017 - Fonte: <a href="http://oglobo.globo.com//" target="_blank">O Globo</a>
Federação nacional diz que o Rio tem hoje as apólices mais caras do país Os números provam que a violência no estado vem aumentando e pesando mais no bolso dos cidadãos, mesmo daqueles que não foram vítimas de crimes. Vice-presidente da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), Luiz Pomarole destacou que o Rio tem hoje as apólices mais caras do país. Segundo ele, a explosão na quantidade de roubos de automóveis em 2016 — 41.704 casos, o número mais alto em 25 anos — deverá provocar um aumento de até 20% no valor dos novos contratos. A estatística referente a veículos faz parte de um balanço divulgado quarta-feira pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), que também apontou uma alta nas ocorrências de homicídios e vários tipos de assaltos. Segundo Pomarole, os preços dos seguros de automóveis no Rio poderão subir porque os roubos e furtos se espalharam: — Niterói, que tinha índices estáveis, hoje apresenta uma quantidade de roubos acima da média, numa situação semelhante à da Baixada Fluminense. Barra, Ipanema, Copacabana e Leblon seguiram a mesma tendência. Ainda de acordo com o vice-presidente da FenSeg, o perfil do roubo mudou: — Antes, os principais alvos dos ladrões de veículos eram os modelos populares, de até mil cilindradas. Agora, percebemos um significativo aumento de roubos de picapes e carros importados. Na opinião de Pomarole, o Rio, assim como outros estados, tem sido negligente com uma questão diretamente relacionada aos roubos de carros: a demora para regulamentar, de forma plena, a lei federal de descarte de resíduos sólidos, que exige o registro de cada peça automotiva vendida em ferros-velhos. — O Detran precisa ter, em seu banco de dados, os registros de peças para desmanche e revenda. Sem isso, não há como controlar esse mercado — alertou o vice-presidente da FenSeg. Estatísticas de outros tipos de crime contra o patrimônio também explodiram no estado. Até mesmo a Zona Sul carioca, que não costumava acompanhar o aumento de índices de violência de outras regiões, sofreu um duro revés em 2016: ali, os roubos totais (de veículos, a pedestres e em ônibus, entre outros) subiram 37,67% (de 6.041 para 4.388) em relação a 2015, superando o aumento médio em todo o município, de 26,38%. Ipanema teve uma das piores marcas da cidade nas estatísticas do ISP: os casos de roubos a transeuntes no bairro subiram 75%, 3,4 vezes mais do que os 22,03% de aumento médio na capital. — Não há solução a curto prazo. O cenário econômico é muito ruim, as atuais autoridades de segurança estão continuando o projeto anterior, mas sem os recursos que a área recebia. Os policiais não vêm recebendo salários. Aumentos significativos na quantidade de crimes contra o patrimônio estão sempre relacionados a períodos de crise. Vale lembrar que o Rio continua adotando uma política de segurança que foi implementada em 2008. As metas de premiação das polícias, as UPPs, nada disso foi reavaliado — criticou o sociólogo Ignacio Cano, coordenador do Laboratório de Análises da Violência da Uerj. Para o diretor do Instituto de Estudos Estratégicos da UFF, Eurico de Lima Figueiredo, o cenário é agravado pelo fato de o estado chegar ao terceiro ano consecutivo de recessão: — Quando foi lançada a política de pacificação de comunidades, estávamos num período virtuoso, com 7,5% de crescimento econômico. As UPPs chegaram para tratamos os sintomas, não as causas da criminalidade. Hoje, deveríamos estar colhendo os frutos de investimentos em inclusão social.