Como o mercado de seguros precifica itens raros em exposição?
09.10.2024 - Fonte: Seguro Nova Digital
Objetos expostos podem não ter valor comercial, e companhias adotam critérios específicos para aceitar os riscos
Na madrugada de 9 de julho, um incêndio tomou conta do espaço destinado à Casa Warner, em exposição no Shopping Nova América, Zona Norte do Rio de Janeiro. O fogo se alastrou pelo galpão e não poupou itens raros idealizados pela Warner. A boneca Annabelle, por exemplo, protagonista da franquia “Invocação do mal”, foi queimada, assim como o furgão usado por Scooby, Salsicha e companhia na saga Scooby-Doo.
Os itens em exposição que fazem um ‘tour’ pelo mundo geralmente não possuem valor comercial. Por isso, as seguradoras utilizam critérios peculiares para precificá-los. O Diretor de Esportes, Mídia e Entretenimento na Howden, Ricardo Minc, explica que o responsável por avaliar os objetos são os peritos especializados, semelhantes aos do setor de propriedades.
Minc descreve que são utilizados critérios como identificação do item, autenticação, condição e conservação, proveniência e histórico, raridade e escassez. “Para evitar discussões sobre o valor dos itens, as corretoras especializadas e as seguradoras geralmente incluem uma cláusula de valor acordado”. Desse modo, em caso de sinistros, não haverá disputas sobre o preço do objetivo danificado, segundo o especialista.
“A decisão de incluir a cláusula de valor acordado varia de seguradora para seguradora”, alerta o diretor da Howden. No entanto, geralmente o subscritor avalia riscos como:
- o tipo e a fragilidade do objeto;
- a coleção em que está inserido;
- seu proprietário;
- o local do risco ao qual será exposto;
- organizador do evento;
- equipe envolvida na produção da exposição (montadores e transportadores).
De modo geral, a inclusão da cláusula de valor acordado depende desses aspectos. “E a seguradora pode solicitar documentos que comprovem o valor do objeto para incluir essa cláusula ou não”, explica Minc.
Apólices “de prego a prego” para itens raros
O seguro para exposições entra no ramo de “Riscos Diversos”, que cresceu 14% até abril deste ano em comparação ao mesmo período de 2023, segundo a CNseg. Após a pandemia, o setor de eventos e cultura vem apresentando altas anuais. Entre janeiro e outubro de 2023, por exemplo, o segmento cresceu 46,6%, com consumo que movimentou R$ 96,7 bilhões, de acordo com o levantamento da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape).
Segundo o diretor da Howden, o mercado de seguros brasileiro possui opções personalizadas para cobrir objetos de arte em exposições, feiras, bem como eventos públicos e privados. “Esses seguros são válidos para mostras em ambientes como galerias, museus, casas de leilão, universidades, aeroportos, centros culturais, shoppings, entre outros”, exemplifica.
Neste cenário, a Howden organiza a cobertura ‘All Risks’. Desse modo, ela visa proteger contra uma ampla variedade de riscos, “e que vai desde a retirada do local de origem, transporte e permanência na exposição até a devolução”, salienta Minc. Essas coberturas são conhecidas como “de prego a prego” ou “de parede a parede”. “
Por fim, segundo o executivo, trata-se de uma apólice que cobre manifestações visuais e plásticas “como desenhos, pinturas, esculturas e arquitetura, além de objetos modernos de raridade ou interesse histórico”, finaliza o executivo.