Carlos Josias: o resgate da dignidade e do ideal de competir

07.08.2024 - Fonte: Carlos Josias Menna de Oliveira

Não é bem o tema rotineiro a ser tratado aqui, mas em época de Olimpíadas me pareceu oportuno abordar.

Criado pelo Barão de Coubertin os Jogos Olímpicos, da moderna era, foi inspirado nas Olímpiadas da antiga Grécia e mira a confraternização entre os povos, hoje em andamento e sendo realizado em Paris, por coincidência, cidade natal do seu moderno mentor, cujo lema encerrava bem este ideal: “o importante não é vencer, mas competir. E com dignidade”.

Poucas vezes vi, ao longo da vida, numa competição esportiva, uma cena tão intimamente ligada a este emblemático ideal como nas duas ginastas reverenciando a brasileira de ouro e número 1 no Pódium: Simone Biles e Jordan Chiles prestando rendição respeitosa e honrosa à soberana Rebeca. Uma fotografia de encher a alma de alegria e os olhos d´água de metade das pessoas que possuem um coração no peito, ao invés de um botão virtual.

Impressionante retrato de uma Olímpiada que ali reverenciava o próprio Barão.

Nesta mesma Olímpiada o abraço fraterno, cheio de choro e emoção entre Bia e Raz Hershko, rompendo fronteiras, preconceitos e questões raciais derrubou metade das outras lágrimas que faltavam.

Estamos diante de um novo mundo?

Não, ainda falta muito.

Enquanto estes sinais divinos de reencontro do ser humano com sua própria existência e finalidade aconteciam, aqui, num jogo de futebol, em meio a jogadas mais ou menos geniais, na plateia, alguns torcedores imitavam gestos de pessoas e sendo sufocadas pela água e nadando para se salvarem da morte num deboche ao povo de um Estado inundado por enchente que ceifou muitas vidas destruindo tudo o quanto aparecia pela frente numa encenação cruel, desumana e nazista.

Por que?

Porque o adversário do dia era um clube de uma cidade que havia sido invadida pela tragédia.

É incrível a malvadeza do ser humano.

Mas apesar disto ainda sou pelo encantamento dos gestos das ginastas e pelo abraço das judocas.

Estas nos representam bem melhor.

Os infelizes debochados que encontrem a Polícia e no Judiciário o que perseguem com suas vidas desprezíveis, que é do que precisam.